sábado, 2 de abril de 2011

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Aquisição da Escrita

Aquisição da Escrita
De acordo com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1989), a criança passa por um processo de aquisição de escrita baseado em cinco níveis de hipóteses: pré-silábica, intermediário, hipótese silábica, hipótese silábico-alfabética e hipótese alfabética.
No nível da hipótese pré-silábica, a diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra é inexistente, uma vez que os traços são muito semelhantes entre si. Somente o autor da escrita pré-silábica é capaz de identificar o que fez. Desta forma, a escrita nesta fase pode não funcionar como veículo de comunicação.
Outro dado interessante neste processo é o fato da criança diferenciar seus grafismos pelas características do objeto referido. Por exemplo, se a criança representa a escrita das palavras elefante e passarinho, os traços maiores representarão o elefante e os menores o passarinho.
O desenho se torna uma clara estratégia de remissão ao conteúdo registrado pela criança e a necessidade de explicitar o objeto requerido por meio de suas características garante o momento da leitura.
No nível de hipótese intermediário, a criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita, além de começar a desvincular a escrita das imagens, dos números e das letras.
As produções da criança apresentam progressos gráficos e construtivos em relação ao nível anterior, embora só demonstre estabilidade ao escrever seu próprio nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar, pois ainda conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.
Já no nível de hipótese silábica, as letras começam a serem usadas com valores silábicos fixos e o conflito entre a nova fase e a fase anterior provoca na criança um amadurecimento educacional.
Assim, a criança percebe que a escrita representa a fala e tenta dar valores sonoros às letras, supondo que deve escrever tantos sinais quantas forem às vezes que mexe a boca - cada sílaba oral corresponderá uma letra ou um sinal. Nesta fase, as produções de frases da criança costumam aparecer com a representação de uma letra para cada palavra.
Quando a criança passa da hipótese silábica para a silábico-alfabética, ela inicia uma busca por símbolos para expressar a escrita dos objetos referidos, tentando aproximar o máximo à representação sonora da representação gráfica.
De tal modo, a criança pode combinar só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes ou combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, na tentativa de ajustar os sons, mas sem tornar ainda sua escrita socializável.
Na última hipótese do processo de aquisição da escrita, o nível de escrita da criança é classificado como alfabético. Nesta fase, a criança compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação.
Embora na transição para esta fase a criança ainda possa omitir letras e não separar todas as palavras na frase, ela é capaz de demonstrar que conhece o modo de construção da escrita e sabe que cada um dos caracteres corresponde a valores menores que a sílaba, além de conhecer também o valor sonoro de todas ou quase todas as letras, sem haver problemas no que se refere ao conceito da escrita.

Pesquisando Sites Educacionais:

 Na rede de computadores existem inúmeros endereços virtuais para a realização de atividades. Eles contêm jogos interativos e de reforço escolar, textos, fotos, e materiais de pesquisa. Esses sites são o ponto de partida para o universo da informática aplicada a educação.
Listei a seguir alguns interessantes.

Sites Educacionais:

- Educacional
- Seleção de sites educacionais
- Portal dos Professores
- Biblioteca digital


Sites Infantis:

- Qdivertido
- Seleção de sites interessantes para crianças

A Afetividade na Educação

É de grande importância dentro de qualquer contexto educacional. Sendo assim, o mesmo jamais poderá ser considerado como ponto negativo para o trabalho docente e em especial para a sala de aula. A afetividade deve ser usada como estratégia de ensino pelo professor, lembrando que o ser humano é um ser capaz de pensar, sentir e agir na sociedade a qual está inserido. Vale destacar também que a afetividade instiga o professor conhecer a realidade do seu aluno, valorizando-o enquanto em todos os aspectos: social, político, econômico e cultura. Portanto, quando falamos em afetividade estamos falando em valorização da formação humana.
A afetividade na relação professor é de fundamental importância, uma vez que, aluno e professor são parceiros instigadores do conhecimento. Sendo assim, a mesma se torna um fator negativo quando não existe entre professor e aluno.
Portanto, um dos caminhos para a efetivação da aprendizagem significativa é a afetividade na relação professor/aluno. Desta forma ensinar exige do educador sabedoria e paciência na sua arte de educar, pois o mesmo é mediador do conhecimento. A afetividade neste momento pode ser definida com respeito e valorização do da pessoa humana.
Vale destacar que atualmente a afetividade entre professor e aluno precisa retomar seu papel, sendo está passaporte para o ensino aprendizagem que tanto sonhamos.
Afetividade ou falta de tempo? Tudo pode influenciar, mas o aluno deve se sentir bem, senão construir uma boa relação com o professor ele perde o interesse, isso pode levá-lo até a abandonar os estudos.Beijinhos de Carinho e Paz!!!(Pró Lete Almeida)
Afetividade nada mais é do que dar a atenção necessária ao aluno que apresenta problema na turma, tentar entender um pouco mais sobre sua rotina, sua vida, tentar entender um pouco o porquê, muitas vezes, da sua agressividade, não se limitar somente no aprendizado, desviar por alguns minutos seu plano de aula e tentar, ao menos, entender aquele ser que muitas vezes grita, urge por socorro, por ajuda e não consegue fazê-lo de outra maneira a não ser demonstrá-lo através da agressividade...
Já constatei diversas situaçãoes onde a criança ou adolescente estava passando por dificuldades e não era entendido por ninguém, só era apontado e não ajudado de forma correta, isto é muito triste...
Por fim, retribuir o afeto que muitas crianças já trazem para escola, trazem de casa, e nos acalmam com tanto afeto e admiração. Acredito que devemos, sim, pecar pelo excesso e não pela omissão, afetividade nunca prejudicou nenhum de nós, porque prejudicaria? Pois o professor nada mais é do que o espelho que muitos alunos se refletem para o futuro..Sou professora de educação infantil e também Sou aluna do curso de pedagogia, na minha opinião a afetividade tem que existir em sala de aula, porém de forma que não prejudique outros alunos. A afetividade tem que existir com todos da sala. Uma boa relação entre professor e aluno é necessário, pois facilita o aprendizado do aluno.
Com certeza a afetividade, o elogio, a troca não mecanizada entre professor e aluno é muito importante, mas como tudo,
deve ter limites. Nossa profissão é privilegiada em muitos aspectos, principalmente por sermos "formadores" de opinião, certo? Até nós, adultos, gostamos de um elogio, uma compensação pelo nosso estudo, trabalho. Mas, tudo o que é demais prejudica. Se essa palavra amor ganhasse proporções reais, na escola e na família, estaria resolvido 90% dos problemas do mundo. Discurso bobo, mas de resultados surpreendentes.
Necessitamos de uma nova ordem no sistema educacional que, até organizá-lo, demanda tempo. Repito que temos que educar os alunos, posteriormente os pais, com diálogos, sem impor nada, sem querer algo em troca, dá certo? No início não veremos resultados, mas quando começam a perceber que para serem inseridos no mundo que tem regras, devem seguí-las, eles iram fazê-las. E os pais irão ver a melhoria, sem precisar bater, sem gritar, sem negligenciar o tempo com seu filho.
Em meio a todos os problemas temos mais esse: a educação no nosso país a cada dia que passa deixa mais a desejar, não sabemos com quem contar, se é com as crianças, com os pais ou com os educadores, pois todos estão em uma posição que não sabem bem o que fazer. O aluno precisa de estímulos principalmente da família, dos responsáveis e eles, os responsáveis, querem que os educadores tomem sua responsabilidade. Os educadores ficam sem saber o que fazer primeiro, a quem socorrer e ninguém socorre o educador. Nós ficamos esperando ajuda de alguma forma, pois são anos de dedicação em um determinado curso e muitas vezes não temos valor reconhecido perante a nossa responsabilidade com a educação .
Acredito na af tividade que seja o essencial para o bom desenvolvimento da aprendizagem das crianças sentimos a necessidades de carinhos que elas tem pricipalmente quando vem de um lar desajustado e muitas delas sao tratadas em salas de aulas com indiferenças isso na pratica ainda se ver muito principalmente quando ainda tem escolas com quadro de professor sem a pedagogia necessaria.Esta na hora de si ver essa situaçoes em escolas principalmente na rede municipal isso acontece de mais e todos nos sabemos qual e a causa.É extremamente necessário que haja afetividade nas relações presentes na sala de aula. Principalmente na relação professor-aluno. É por meio dela que se torna possível o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem prazeroso e significativo para o aluno.
Toda relação afetiva demanda um ponto de equilíbrio. Mais uma vez a figura do professor é pertinente para dosar os excessos e falta de afetividade que podem prejudicar no processo de ensino. Cabe ao professor buscar uma forma de contato que estabelece o vínculo do bom relacionamento. Importante ressaltar que o papel do professor não é de substituto dos pais. Porém, como dizia Paulo Freire: "Não há educação sem amor".
A afetividade funciona assim: você distribui sorrisos, gentilezas, atenção, RESPEITO, observações que estimulem a auto-estima do aluno e recebe, com o passar do temp,o tudo em dobro e o mais interessante é que aqueles que insistem em resistir, um dia cedem e aí ... é só colher os frutos, tem que ter paciência.
O professor é o semeador, não adianta, por mais educada que seja a criança, se o professor não tiver afetividade, respeito e carinho por seus alunos ele não conseguirá o domínio da classe e mais; nos dias de hoje a conversa paralela não pode ser vista como atitude de indisciplina do aluno, é necessário o professor conversar com a classe e criar as "regras" que todos devem respeitar e que todos vão segui-las porque ajudaram a criá-las.

Cegos e cativos...

Cegos e cativos...
No deserto do universo
Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor...
(Universo no teu corpo, música de Taiguara)
Ouço a bela música ao fundo. Suas palavras adocicadas pelos instrumentos e, em especial pela voz afinada e melodiosa do cantor acabam por nos iludir. Fala de amor, da necessidade que temos de carinho, presença, conforto e preocupação sincera. Fala também de gente amarga, mergulhada no passado, que vive só para si e que só quer “repartir seu mundo errado”...
E onde residem os erros? O que nos leva a criar esse mundo de perspectivas amargas e sem amor? De onde vem esse deserto no universo, por onde perambulamos cegos e cativos? O que nos leva a cegueira e a escravidão?
Será que essas letras só tem sentido no contexto em que foram escritas, ou seja, no Brasil da ditadura militar, entre os anos 1960 e 1970? Ou a música preserva elementos e idéias que podem e devem motivar novas reflexões à luz dos acontecimentos desse novo milênio?
Fomos silenciados, com brutalidade, durante os anos de chumbo... Os porões e as baionetas tentaram impor ao país uma obediência cega... E hoje? O que mudou? De que forma é possível atentar para as palavras do compositor Taiguara e perceber sua atualidade, pertinência e sentido em pleno século XXI, quase 40 anos depois do surgimento dessa música?
A atualidade se revela na constatação de que hoje vivemos mais e mais olhando apenas para nós mesmos, fazendo o mundo
girar em torno de interesses próprios, tornando os nossos umbigos o centro do universo. Não temos mais tempo real para o próximo.
Nem mesmo quando as pessoas declaram agir em prol de outros, em atitudes teoricamente fraternas, transparece (na maioria dos casos) a atitude sincera e o real engajamento, sem qualquer outro objetivo a guiar esses passos e ações...
Se não bastasse isso, não sabemos mais ouvir, queremos apenas impor nossas opiniões e idéias. Pouco importa se estamos certos ou não – o que vale é mostrar mais força e músculos para fazer valer o nosso rugido, em tom cada vez mais alto.
Velhos e vãos motivos desencadeiam guerras e confrontos. Sem trégua e diálogo, caminhamos num deserto que deixou de ser apenas literal, lírico e musical para se tornar a realidade de milhões... E se não bastasse à canção de Taiguara, também Saramago em seu Ensaio sobre a Cegueira tem nos alertado sobre o desolador cenário em que vivemos...   
O que fazer? Há muitas coisas a se fazer... Escutar é uma delas, mas de coração aberto, deixando os rancores, o orgulho e a inveja de lado... Outra ação primordial é estender a mão sem que interesses materiais nos mobilizem a fazer isso... Doe seu tempo, faça o bem, ajude a quem precisa, isso tudo sem esperar ganho ou retribuição – sem que isso repercuta para você em moeda sonante ou votos, por exemplo...
Acima de tudo, precisamos recuperar a fé e a confiança de que o mundo pode ser melhor... Acreditar que a humanidade é capaz de praticar o bem e semear a bondade... E, especialmente, perceber que a força maior está no amor, na caridade, na misericórdia, na compaixão,...
Recuso-me a desistir... Ainda creio na manhã que tanto persigo... Confio num lugar que me dê trégua e me sorria... Em gente que não viva só pra si...

Confrontando a Matrix
Coluna Carpe Diem
Morpheus - Você acredita no destino, Neo?
Neo - Não.
Morpheus – Por que não?
Neo - Porque eu não gosto da idéia de que não tenho o controle de minha vida.
Morpheus - Eu sei exatamente o que você quer dizer. Deixe-me dizer por que você está aqui. Você está aqui porque tem o dom.
Neo - Que dom?
Morpheus - Eu tenho assistido você, Neo. Você não usa o computador como uma ferramenta. Você o utiliza como se fosse uma parte de você. O que você pode fazer dentro de um computador não é normal. Eu sei. Eu presenciei isso. O que você faz é mágica.
Neo - Não é mágica.
Morpheus - É sim, Neo. É sim. De que outra forma você poderia descrever o que tem acontecido a você? Nós fomos treinados nesse mundo para aceitar apenas o que é racional e lógico. Você já pensou por quê? Quando crianças nós não separamos o possível do impossível o que explica porque quanto mais jovem é uma mente mais fácil é para torná-la livre enquanto uma mente como a sua pode ser muito difícil.
Neo - Livre do que?
Morpheus - Da Matrix. Você quer saber o que é isso, Neo? É aquele sentimento que você tem ao longo de toda a sua vida. Aquela sensação de que há algo de errado no mundo. Você não sabe o que é mas está lá, como um estilhaço em sua cabeça, te deixando maluco, trazendo você até mim. Mas o que é isto? A Matrix está em todos os lugares, está ao nosso redor, até mesmo nesse quarto. Você pode vê-la da sua janela, ou em sua televisão. Você a sente quando vai para o trabalho, ou para a Igreja ou quando paga seus impostos. É o mundo que foi colocado diante de seus olhos para torná-lo cego quanto a verdade.
Neo - Que verdade?
Morpheus - Que você é um escravo, Neo. Que você, como todo mundo, nasceu cativo... Mantido dentro de uma prisão que você não consegue cheirar, provar ou tocar. Uma prisão para sua mente.Infelizmente ninguém pode dizer o que é a Matrix. Você tem que ver por si mesmo.
Neo – Como?
(Trecho do roteiro original do filme “Matrix”, elaborado pelos irmãos Andy and Larry Wachowsky).
Platão já nos alertava em sua célebre “Alegoria da Caverna” quanto aos limites que nos são impostos em nossas vidas a partir de nossa própria mente. Quantas não foram às vezes em que dissemos para nós mesmos que não seríamos capazes de fazer alguma coisa. Várias foram as ocasiões em que nos sentimos impotentes, incapazes e insignificantes diante de circunstâncias que nos pareciam improváveis e incontroláveis a partir de nossas parcas forças...
Acreditar em si mesmo é o princípio elementar que deveria mover os seres humanos na direção da realização. A concretização dos sonhos nos parece tantas vezes impossível que não percebemos que sua impossibilidade é fruto exatamente dessa nossa forma de pensar limitadora, castradora...
Isso não quer dizer que devemos apenas acreditar em nossas próprias forças. Seria muito fácil se dessa forma pudéssemos realizar as façanhas com as quais desejamos fazer nossos nomes conhecidos e respeitados nessa Terra.
Precisamos também da coragem, da força e da determinação que vemos em Neo, o herói de Matrix, cultuado filme de ficção científica dos irmãos Wachowsky. Todas essas qualidades percebidas no herói não aparecem desde o primeiro momento em que lhe é dada a oportunidade de tentar desvendar o mistério da Matrix.
Mesmo os heróis hesitam. Durante alguns poucos segundos Neo ficou a pensar se realmente deveria enfrentar as forças que o tornavam escravo em sua própria mente. Sua dúvida é igual a de milhões de pessoas no mundo todo, que diariamente se entregam a uma rotina que os exaure, oprime e que lhes impõem grilhões.
A coragem de superar as adversidades segue como próximo passo para que consigamos enfrentar nossos medos do insucesso, do fracasso. A força está dentro de cada um de nós (parafraseando outro famoso filme de ficção científica) para que possamos tropeçar, nos levantar, aprender com nossos erros, corrigir a rota, evitar futuras colisões e atingir nossos objetivos.
Porém se não fosse pela determinação, que unida à coragem, à força e à confiança em nossas próprias capacidades, o que seria de nós, seres humanos? Estaríamos ainda pendurados em árvores ou escondidos em cavernas? Atingiríamos as luzes ou chegaríamos a lua? Voaríamos ou construiríamos tudo aquilo que concebemos em nossas imaginações?
A ficção é apenas mais uma forma de contestarmos a mesmice e desafiarmos nossas limitações. Aprender com os filmes a confrontar nossos medos e superar barreiras que nos parecem intransponíveis não é, porém, lição que possa ou deva ser esquecida...

Crise de Consciência...
Carpe Diem
Murrow – Isso pode não fazer bem a ninguém. Ao final desse discurso algumas pessoas podem acusar esse repórter de trair seu próprio ninho seguro, e a sua organização pode ser acusada de ter acomodado de forma hospitaleira a um herege e a perigosos pensamentos. Mas a elaborada estrutura das grandes redes de rádio e televisão, agências de publicidade e patrocinadores não será abalada ou alterada. É o meu desejo, e também a minha obrigação, tentar falar com vocês companheiros de jornada com seriedade a respeito do que está acontecendo no rádio e na televisão. Se o que eu tenho a dizer pode ser considerado, então somente eu posso ser responsabilizado por aquilo que estou dizendo. Nossa história será o que nós estamos fazendo dela. E se existirem historiadores daqui a cinqüenta ou cem anos, e se forem preservadas as imagens de apenas uma semana de trabalho das três grandes redes de televisão, eles irão então encontrar, em preto e branco ou em cores, as evidências da decadência... Escapismo e isolamento em relação às realidades do mundo em que vivemos. Atualmente estamos ricos, gordos, confortáveis e complacentes. Nós criamos verdadeira alergia a notícias desagradáveis ou perturbadoras. Nossa mídia é reflexo disso. E a menos que abandonemos nossa comodidade e reconheçamos que a televisão na maior parte de seu tempo está sendo usada apenas para nos distrair, iludir, entreter e alienar – então a televisão e aqueles que a financiam, aqueles que a assistem e os que a produzem – irão ver imagens totalmente diferentes muito tardiamente...
Trecho do roteiro original do filme “Boa Noite, Boa Sorte” Escrito por George Clooney e Grant Heslov Traduzido por João Luís de Almeida Machado Extraído do link http://www.dailyscript.com/scripts/Good_Night_and_Good_Luck.pdf
Há um exercício necessário que todos deveriam fazer com grande regularidade. Não me refiro aqui a parte atlética e aos exercícios físicos. Nem tampouco ao também fundamental cuidado que temos ter com a nossa formação e aperfeiçoamento cultural. Ambos são verdadeiramente importantes para a nossa saúde e completude. Nesse sentido é muito válido voltar no tempo e perambular pela história para retomar os ensinamentos dos gregos que já nos diziam, antes de Cristo, “mens sana in corpore sano”...
O que nos cabe nesse espaço de reflexão é destacar um exercício que anda relegado ao esquecimento em nossa sociedade, marcada por tantos erros, enganos e descaminhos. Trata-se, como o título dessa pensata evidencia, de legarmos algum tempo para refletirmos com consciência sobre nossas vidas... Quem somos? Aonde chegamos? O que estamos construindo? Qual a nossa contribuição real para a melhoria do mundo? Será que somos realmente aquilo que um dia sonhamos?
E o princípio dessa dúvida é estimulado a partir da crise de consciência de um jornalista engajado que se vê, de repente, no meio do “olho do furacão”, engolido pelo cotidiano, ensurdecido, cegado e emudecido pelas circunstâncias escusas do meio em que trabalha.
Suas afirmações exortam seus colegas, durante uma cerimônia em que está sendo premiado por seu trabalho, a refletir sobre os rumos da televisão, do rádio, da publicidade e da comunicação de massa nos Estados Unidos na virada dos anos 1950 para a década seguinte. Esse bravo repórter inclusive informa os colegas ali presentes que suas palavras serão duras e que muitas pessoas podem inclusive pensar que ele está, literalmente, “cuspindo no prato em que comeu” e criando problemas para seus empregadores.
Sua honestidade, se adequadamente interpretada, visava levar a cúpula das emissoras de televisão e rádio, os jornais escritos, os anunciantes e seus colegas de trabalho, ou seja, outros jornalistas, a perceber os perigosos rumos que a mídia em seu país começava a trilhar... Caminhos esses que levavam a criação de um modelo alienante em que os espectadores não seriam levados a refletir ou analisar as informações que as redes informativas direcionassem a eles...
Como a verdade pode ser extremamente dolorosa, o jornalista em questão alerta seus interlocutores que a responsabilidade por todas as afirmações ali apresentadas é toda dele. Mas evidencia que a responsabilidade pela alienação derivativa da mídia que estava surgindo e se estabelecendo era de todos aqueles que se relacionavam a esse segmento de trabalho. Sua crítica destaca que a complacência e a acomodação são qualidades inerentes ao mundo profissional no qual os ali presentes estão inseridos...
E você? Também está sendo complacente? Sente que está acomodado? Reserva tempo para pensar nas conseqüências de seus atos para a comunidade em que vive? Consegue dormir em paz todos os dias? Ou será que seus pecados cotidianos são tão grandes que a insônia virou rotina em suas noites? Está na hora de pensar um pouco a esse respeito... Antes que uma forte crise de consciência venha atormentá-lo...

Cronos e Cairós
Bárbara Freitag
Os gregos diferenciavam, como sabemos, entre dois conceitos distintos de tempo: cronos e cairós. O primeiro refere-se à passagem contínua do tempo (donde, cronologia) e o segundo conceito refere-se ao momento certo, maduro, para certos eventos. Há, também, no caso da psicogênese infantil, momentos certos (cairós) para promover o pensamento lógico, a moralidade autônoma e a competência lingüística. Sociedades que se omitem e não fornecem as condições materiais e sociais adequadas para as novas gerações nos momentos certos, perdem a oportunidade de criar cidadãos maduros, capazes de assumir com responsabilidade e autonomia suas funções na sociedade.”
(Bárbara Freitag, Socióloga Brasileira).
Batons e perfumes substituem as bonecas aos 8 ou 9 anos de idade. Telefones celulares se tornam presentes aos 10 ou 11. Se aos 12 ou 13 o menino ainda não “ficou” pra valer com nenhuma “gatinha”, tendo trocado beijos e carícias, ele passa a ser discriminado. Quando a menina tem 13 ou 14 anos espera-se que ela já tenha “experiências” e que freqüente “bailinhos”, festinhas e barzinhos...
A infância tornou-se uma chaga. Ninguém mais quer ter crianças em casa. A televisão apregoa através de exemplos em filmes, telenovelas ou noticiários que todos devem ser “espertos”, “descolados” e cada vez mais ousados. Brincar em parquinhos ou vestir roupas com símbolos da infância para quem tem 10 anos torna-se inaceitável. Surgiu até uma nova etapa do crescimento e evolução humana, detectada por especialistas, chama-se pré-adolescência...
O Cronos, medida de tempo dos gregos como nos ensina Bárbara Freitag, se sobrepõe ao Cairós. A passagem contínua do tempo supera a natural e impõe compromissos e realidades que não se relacionam diretamente ao que os corpos e mentes de nossas crianças acomodam, esperam, precisam e carecem.
Não há, ironicamente, tempo para a maturação. Aboliu-se a possibilidade de vivenciar etapas em que a aprendizagem e o crescimento acompanham as possibilidades físicas, intelectuais e afetivas naturais das pessoas. Precisamos ser adultos ou, ao menos, protótipos dos mesmos, ainda hoje... E como o tempo urge, parece que estamos sempre atrasados...
Não à toa as crianças começaram a ter enfermidades de adultos... Dores de cabeça inesperadas da superação precoce de etapas que a vida sempre nos ensinou a preservar, respeitar, reconhecer e admirar...
Não há muito espaço para os pequenos exercerem seus direitos de criança. E esses domínios não são apenas restritos no âmbito das cidades, escolas, casas ou demais áreas por eles freqüentadas... A imposição cultural nesse sentido é tão autoritária e premente que a alienação se estabelece também na cabeça de todos...
Os próprios pais e mães, educadores e autoridades, parentes e amigos próximos cobram, a todo instante, de forma consciente e inconsciente, que em lugar das crianças surjam os tais protótipos de adultos... Onde está o respeito ao Cairós? Será que algum dia devolveremos as crianças a possibilidade de vivenciar a infância com alegria, sem preocupações não condizentes a essa etapa da existência humana, com chances de amadurecer e se desenvolver no tempo certo?
Dias Melhores
Jota Quest
Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos para trás

Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor, melhores na dor

Melhores em tudo

Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores para sempre
(Composição: Rogério Flausino)

Quando é que seremos melhores em tudo? Será que em algum momento de nossas existências atingiremos os sonhados dias melhores para sempre?
E o que estamos fazendo para que isso aconteça? Esperamos de braços cruzados ou tentamos fazer de nossas vidas o melhor que podemos? Conheço pessoas que só reclamam, que não acreditam em ninguém e em nada (nem em si mesmas). Os dias melhores não são para elas... Ou será que tudo pode mudar para melhor, até para pessoas assim?
Li um artigo em que ao falar de seu pai, um célebre escritor dizia ter adquirido a esperança na vida e a confiança em si mesmo a partir da perspectiva sempre otimista de seu progenitor em relação a cada novo dia que começava. Dizia o pai para seu filho que ele estava pronto para fazer a vida melhorar a cada novo nascer do sol...
Quantos entre nós pensam e agem dessa forma? Você é assim, otimista?
Acreditar que as coisas podem dar certo é o primeiro passo que temos que dar em direção a um futuro muito melhor. Não adianta nada reclamar dos outros se não fizermos a nossa parte. Os dias melhores dependem principalmente de nossa atitude ativa, positiva e sincera...
É, o mundo carece de mais sinceridade, pensamento positivo e ação. Somos nós os dínamos que movimentam o planeta e que tentam fazer, mesmo que agindo como formiguinhas num imenso formigueiro, o amanhã mais digno, justo e fraterno.
Esperar dos governantes, reclamar para o bispo, brigar com os filhos ou com o cônjuge, ficar estressado ou ter colapsos nervosos não resolve as questões do dia a dia. Por isso, arregaçe as mangas de sua camisa, não perca a esportiva, mantenha-se sempre bem disposto, com o melhor dos humores e faça a diferença.
Quando acordo tenho sempre em mente que preciso fazer o mundo melhorar, mesmo que para isso só possa contribuir com mais um tijolo para a construção de nossas vidas. Mas, se todos nos preocupássemos em colocar, cada qual, o seu próprio tijolo nesse mundo em construção com certeza ele seria muito mais belo...
Berthold Brecht, em seu célebre poema Memórias de um Trabalhador que Lê, nos diz com enorme clareza que as grandes realizações da humanidade foram erguidas a partir do suor de seres humanos anônimos, como eu ou você. Somos nós que realmente fazemos o mundo melhor (ou pior)...
Não apenas espere pelos dias melhores. Faça força para que hoje, amanhã, depois de amanhã e todos os demais dias sejam sempre melhores... é o mínimo que podemos fazer... os resultados, com certeza, serão surpreendentes.
Entre “o choque do futuro” e “a terceira onda”...
João Luís Almeida Machado
Alvin Toffler esteve no Brasil em 2007. E quem é Toffler? Trata-se certamente de um dos maiores futurólogos que o mundo conheceu. Paralelos entre sua obra podem ser travados apenas com o que foi produzido pelo canadense Marshall McLuhan, outra eminência do segmento.
E que não se enganem aqueles que porventura estiverem lendo essas linhas... Quando falamos de futurólogos nos referimos a acadêmicos brilhantes que analisam o mundo ao seu redor e a partir das informações obtidas projetam transformações que, de acordo com seus estudos, irão acontecer. Não há nada de clarividência no trabalho desses homens de grande vulto e estatura. O que lhes guia é a ciência, o conhecimento e a sabedoria.
As duas grandes obras de Alvin Toffler foram publicadas com dez anos de distância uma da outra. Em 1970 surgiu "O Choque do Futuro". No início da outra década, portanto em 1980, veio ao mundo "A Terceira Onda". Tive a oportunidade de entrar em contato com "A Terceira Onda" ainda nos primeiros anos da década em que o livro foi publicado. Trata-se de um livro realmente marcante e devastador em sua proposta e compreensão do mundo. O mesmo ocorre com "O Choque do Futuro"...
O que descrevem é a transição de um mundo estático, de pouca ou nenhuma renovação, para um universo de velocidade e transformação constante. Passaríamos, de acordo com Toffler, de uma sociedade industrial, onde os tempos são síncronos, como nas linhas de produção, com a finalidade de se atingir o objetivo máximo daquele sistema, ou seja, a produção, para uma realidade em que dia e noite não são mais divisores de águas e ações humanas...
Para compreendermos com maior clareza esse basilar conceito da obra de Toffler, nada melhor do que ler as palavras ditas pelo sábio norte-americano em sua passagem pelo nosso país, dentre as quais destaco a seqüência abaixo:
"Quando você depende de uma linha de montagem que é a idéia da indústria, a pontualidade é muito importante. O mundo industrial inventou o relógio de pulso. Todos precisavam estar sincronizados. No campo, se o sujeito chega às 7 horas para plantar, ou se chega às 8 horas, faz pouca diferença. Na linha de montagem, em que um aperta o parafuso que o anterior encaixou, precisam todos estar ao mesmo tempo no mesmo local. Hoje, mais que o horário das 9 às 5, o importante é a produtividade".
Estamos, portanto, dentro do que Toffler chamou de Terceira Onda...
E que motivos nos levam a destacar Toffler e suas obras? Com o intuito de motivar sua leitura e conseqüente reflexão e melhor compreensão do mundo em que vivemos... E é justamente nesse ponto que queremos chegar, ou seja, na capacidade mais do que necessária de entender a nossa existência e fazer valer a nossa passagem por essa Terra, sem em nenhum momento sucumbir à alienação a que muitas vezes estamos submetidos... Leia Toffler, não há arrependimento e tampouco volta... É uma autêntica pílula vermelha em nossos caminhos!
Epitáfio
Uma Composição de Sérgio Brito
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e tristezas que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Composição de Sérgio Brito

As vezes olho pela janela do carro em movimento e tenho a impressão de que a vida também está transcorrendo no ritmo acelerado das paisagens pelas quais estou passando. Nesses momentos me pergunto se o rumo que tenho dado a minha existência é aquele que desejava ou que sonhava quando era mais novo. Isso também já aconteceu com você? Se não no automóvel, enquanto caminhava pelas ruas, subia pelo elevador rumo ao trabalho ou ainda quando distraidamente olhava pela janela de sua casa?
Gostaria que escrevessem em meu epitáfio que a pessoa a qual se referem morreu feliz... Contente com os destinos de sua vida, com os encontros que teve, com as realizações que surgiram a partir de suas práticas, com os acertos e até mesmo com os erros de sua vida, com a grandeza de alguns (ou muitos) momentos e as fraquezas de outros, com a chuva que lhe molhou o rosto ou com o sol que lhe aqueceu o corpo,...
Não quero olhar para trás e pensar que perdi tempo ou que poderia ter sido melhor algum momento ou fase de minha vida. Lamento pelas pessoas que não aceitam o caminhar dos ponteiros do relógio e querem continuar numa eterna e impossível juventude, como se essa etapa da existência humana fosse o que há de melhor para ser vivido. Foi ótimo ter 18 anos, mas não há como negar que grandes conquistas também aconteceram aos 30 ou aos 40 e que a maturidade e a sabedoria dos que já viveram até os 60, 70 ou 80 anos deve ser louvada e a essas pessoas também traz benefícios e alegrias.
Penso que só devemos nos entristecer se passamos pela vida em brancas nuvens... Sem deixar que nossas palavras escritas, nossas árvores plantadas ou os herdeiros de nosso sangue e de nossos ideais por aqui continuem caminhando e trazendo paz, amor e prosperidade para o mundo.
Epitáfio, composição de Sérgio Brito, cantada Brasil afora com maestria pelos Titãs, nos traz a necessidade da reflexão sobre nossas existências – se fortuitas ou não para o mundo e para nós mesmos... Quando escuto essa música me recordo também das palavras de outro composição, de autoria de Renato Russo, em que destaca-se a idéia de que “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo...”
Penso que temos que ter mais consciência quanto ao tempo que nos é dado em nossas vidas e, creio, devemos usar cada preciosa hora, minuto e segundo de forma a construir felicidade ao nosso redor. Se assim não o fizermos, o mais provável é que em nossas lápides ou que as últimas palavras proferidas quanto a nós não sejam as tradicionais “descanse em paz” e sim “já vai tarde”...
Escola é lugar de Gente
Cercados de pessoas por todos os lados e sozinhos...
A Escola é: o lugar onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima: Coordenador é gente,o professor é gente, o aluno é gente,cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de "ilha cercada de gente por todos os lados". Nada de conviver com pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém, nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se amarrar nela. Ora, é lógico... Numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.
Espelho, espelho meu... 
Coluna Carpe Diem
Espelho, espelho meu...
Quando eu era jovem,
Parecia que a vida era tão maravilhosa,
Um milagre, oh ela era tão bonita, mágica.
E todos os pássaros nas árvores,
Eles cantavam tão felizes,
Alegres, brincalhões, me olhando.
Mas aí eles me mandaram embora,
Para me ensinar a ser sensato,
Lógico, responsável, prático.
E me mostraram um mundo
Onde eu poderia ser dependente,
Doente, intelectual, cínico.

Tem vezes, quando todo mundo dorme,
As questões correm profundas demais
Para um homem tão simples.
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo,
Mas por favor me diga quem eu sou.

Eu digo:
Agora cuidado com o que você diz,
Ou eles estarão te chamando de radical,
Liberal, fanático, criminoso
Você não vai assinar seu nome,
Gostaríamos de sentir que você é
Aceitável, respeitável, aprensentável, um vegetal!

À noite, quando todo mundo dorme,
As questões correm tão profundas
Para um homem tão simples.
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo, Mas por favor me diga quem eu sou.
Quem eu sou...
The Logical Song - Supertramp (Traduzida)
Espelho, espelho meu, ajuda a revelar quem sou eu... Dúvida atroz ou terra de certezas cercada de incertezas por todos os lados? A busca dos elementos que nos garantam a identificação de nosso próprio ser é uma interminável jornada que só se encerra quando perecemos. Mesmo entre aqueles que se sentem totalmente a vontade quando falam de si mesmos ou até entre as pessoas que demonstram firmeza quando se descrevem há dúvidas, persistem lacunas ainda não preenchidas, perseveram algumas incertezas...
Será que somos quem gostaríamos de ser? Será que somos cínicos, dependentes, doentes e pretensamente intelectuais? O que realmente gostaríamos de ser? Já parou para pensar nisso, ou não há tempo disponível para se dedicar a você mesmo em sua vida?
A falta de tempo não é um indício de que você não está vivendo do jeito que gostaria, sendo quem pretendeu ou sonhou?
Sabe aquelas propagandas que mostram as pessoas andando calmamente pela praia, com a família, sem qualquer stress ou preocupação? Será que aquilo é só ilusão ou você pode realizar tal sonho?
Não estou dizendo que você deva ser inconsequente e abandonar tudo aquilo que já concebeu em sua vida. Há algo de bom em se pensar de forma lógica, sensata, prática e responsável. Não podemos apenas fazer com que isso se torne a tônica, o único caminho e, o pior, uma viagem de ida sem bilhete de volta...
Não podemos deixar de ver os pássaros nas árvores, cantando, alegres. Temos que manter o espírito jovial, olhando para a vida com encantamento, com prazer e satisfação. Estar vivo é um milagre. Abrir os olhos e o coração é que nos fazem verdadeiramente humanos.
Ao não perceber a beleza do mundo que nos rodeia estamos sendo radicais, fanáticos, criminosos somente para que possamos ser aceitos, respeitáveis e apresentáveis enquanto vegetamos e demonstramos nosso imobilismo, falta de criatividade, ausência de princípios e de atitude...
The Logical Song contesta a derrota dos seres impávidos, entregues, pasmos e acríticos; em sua letra aprendemos que a resposta para a pergunta mais importante, aquela em que buscamos definir nossa identidade começa necessariamente com a simplicidade, o respeito as nossas particularidades e a busca da felicidade...
Liberte o leão que existe dentro de você, deixe de ser apenas um manso gatinho de estimação...
Eu quero apenas
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Eu quero apenas
Eu quero apenas olhar os campos, eu quero apenas cantar meu canto
Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar

Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar

Eu quero apenas um vento forte, levar meu barco no rumo norte
E no caminho o que eu pescar quero dividir quando lá chegar

Eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro
Quero meu filho pisando firme, cantando alto, sorrindo livre

Eu quero amor decidindo a vida, sentir a força da mão amiga
O meu irmão com sorriso aberto, se ele chorar quero estar por perto

Venha comigo olhar os campos, cante comigo também meu canto
Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
(Cantores e Compositores brasileiros)

O que você quer da vida? Aonde quer chegar? Quais são os sonhos que acalenta? Não conheço pessoas que pensem na solidão como uma de suas metas. Sei de muita gente que pensa a amizade como uma grande dádiva e que procura dar a essa relação que se estabelece entre os seres humanos o devido valor e que, em vista disso, restringe seu círculo de amizades a algumas poucas pessoas...
Gostaria de ser como o Roberto e o Erasmo... E ter “apenas” um milhão de amigos. Será que eles realmente conseguiram isso? Será que o seu ideal de vida, apresentado nessa clássica canção dos anos 1970 aconteceu em suas vidas? Quantos serão os amigos que eles têm? Quantos serão os amigos que realmente temos em nossas vidas?
Também não quero cantar sozinho e poder levar a cada amigo o meu canto amigo. No entanto, nesse mundo cada vez mais individualista e materialista em que vivemos quem serão os nossos verdadeiros amigos? Onde estão os nossos amigos de fé, aqueles que são autênticos irmãos camaradas que nos acompanham em todas as jornadas, sejam elas boas ou ruins?
Isso nos leva a pensar a respeito do próprio conceito que temos de amizade. O que é ser amigo? Como você é como amigo?
Você é aquele sujeito que mesmo estando à distância ainda consegue tempo para lembrar de seus companheiros de tantos caminhos? Ou ainda, será que seus amigos fazem parte de suas orações, das histórias que você relembra com carinho ou de planos para o futuro?
Os peixes que você pesca ao longo de seu dia de labuta em alto mar têm sido divididos com os amigos? A palavra de consolo ou de incentivo que tantas vezes precisamos escutar de uma pessoa estão sendo proferidas por você para as pessoas que preza? E aquele telefonema aguardado, com notícias suas e dos seus, para verdadeiramente “matar saudades” daqueles que se importam com você... Tem acontecido?
Há quanto tempo você não se encontra com seus grandes amigos? Já pensou como eles fazem falta mesmo o tempo tendo passado? Amizades sinceras vencem o tempo, sempre tem conversa para ser colocada em dia, superam qualquer barreira, passam por cima de todas as pequenas diferenças ou rusgas, acontecem num clima de sincero carinho e preocupação...
Não se deixe atropelar pelos compromissos da vida. Quebre os muros que o afastam de seus vizinhos. Cumprimente a todos com um sorriso aberto em seu rosto. Estenda a mão aos que são próximos e lembre-se também de entrar em contato com os que estão um pouco mais longe. Faça novos amigos. Preserve todos aqueles com os quais já possui uma relação mais antiga.
Amizade é um presente dos céus. Amigos de verdade são aqueles que são sinceros o tempo todo e que se respeitam e se gostam independentemente das diferenças que existam entre eles. Um grande amigo é aquele que fala abertamente o que pensa mesmo sabendo que o que está dizendo pode naquele momento magoar ou ferir os sentimentos de seu “irmão camarada”...
Hoje em dia até as amizades são pasteurizadas... Tornaram-se descartáveis. Não se criam mais aqueles elos duradouros, que não se quebram mesmo com o passar do tempo ou com a distância que separa os amigos...
Tenho bons amigos e a todos eles dedico essa breve reflexão. Tento sempre estabelecer amizades sinceras. Por vezes não sou compreendido e não consigo firmar as bases que gostaria para firmar essa profissão de fé. Que essa pensata ajude muitas pessoas a rever seus grandes amigos... É isso que gostaria que acontecesse também para mim...
Obs. Um abraço todo especial a alguns de meus amigos inesquecíveis, irmãos de fé, camaradas de jornadas inesquecíveis... Ênio, Paulinho, Marcelo Vianna,... E aos melhores amigos que tenho na vida... Sheila, João Vítor e Thaís.

FormiguinhaZ
Diálogo inicial da animação “FormiguinhaZ
Formiga Z - A minha vida inteira eu morei e trabalhei em uma cidade grande e, pensando bem, isso é um problema... Eu nunca me senti confortável no meio de multidões. É sério, eu fico angustiado em lugares fechados. Eu me sinto asfixiado. Eu sempre fico me dizendo que deve haver alguma coisa melhor lá fora. Talvez eu pense demais... Eu acho que tudo se deve ao fato de eu ter sido uma criança muito ansiosa. Sabe, minha mãe não tinha tempo para mim. Quando se é o filho do meio, numa família de 5 milhões, não se recebe muita atenção, é impossível, não é? E, eu sempre tive complexo de abandono. O meu pai era basicamente um zangão, como eu já disse, e ele saiu voando quando eu era só uma larva. E, o meu trabalho, ah, eu não quero nem começar a falar. Eu fico doente só de pensar. Eu não fui feito para ser um operário. Isso eu tenho absoluta certeza. Eu me sinto fisicamente inadequado. Minha vida inteira eu nunca, nunca fui capaz de levantar mais de dez vezes o meu próprio peso. E, pensando bem, carregar entulho... Não é bem a minha idéia de uma carreira promissora... E esse negócio de super-organismo eficiente, eu não consigo engolir, eu tentei, mas eu não consigo. Será que eu tenho que fazer tudo pela colônia? E os meus desejos? E eu? Quer dizer, eu tenho que acreditar que existe um lugar melhor fora daqui. Senão é melhor eu me encolher em posição larval e chorar... Todo esse sistema me faz sentir... Insignificante!
Formiga Terapêuta - Excelente! Conseguiu expressar suas emoções.
Formiga Z - É mesmo?
Formiga Terapeuta - É Z, você é insignificante...
Formiga Z - Ah! Sou é...
(Diálogo inicial da animação “FormiguinhaZ”, dos diretores Eric Darnell e Tim Johnson, produzido pela DreamWorks, em 1998)

Quantas vezes você já se sentiu insignificante? O que o faz sentir-se assim? Sua vida é do jeito que você imaginou ou será que os rumos tomados não foram aqueles imaginados? Você é feliz no trabalho? Como vai sua vida familiar?  E seus amigos, quem são? Estão sempre por perto quando você precisa deles?
É amigo... A vida é construída por nós mesmos a cada novo nascer do sol. Quando colocamos o pé na estrada vamos, aos poucos, definindo o que será de nós e das pessoas que estão mais próximas, como nossos filhos e cônjuges. Ao nos imaginarmos fracassados, perdedores ou insignificantes estamos, literalmente, assinando embaixo e dando o rumo da derrota a nossa existência...
Se as coisas não estão dando certo, é necessário e vital renovar-se, reinventar o seu mundo, atualizar-se para não apenas sobreviver, sobretudo para que a vida realmente valha à pena.  E qual é o primeiro passo? Desconstrua-se, busque sua história, compreenda seus passos, analise cada etapa de sua vida para entender o que o levou a situação que está vivendo e que lhe causa desconforto.
Não tenha receio de admitir que errou. Ao admitir e identificar seus problemas, dificuldades e erros procure pensar sobre eles e imaginar saídas alternativas. Enfrente as questões que o magoam e ferem. Analise tudo sem pressa, sem rancor, com calma e parcimônia. O que você está buscando é a dignidade, a felicidade e o sucesso que cada um de nós persegue ao longo de nossas vidas. Tudo isso está também ao seu alcance, como se encontra próximo de todos aqueles que acreditam e vão à luta para chegar lá.
Porém não pense e nem aja como se você fosse um guerreiro solitário nessa jornada em busca da paz e da harmonia. Saiba que todos somos parte de um projeto coletivo e que sempre há pessoas próximas que estariam dispostas a dar a vida por você. Identifique seus grandes amigos, conte com o amor de sua vida, dê a eles a sua força para que também se sintam mais seguros e, acima de tudo, creia-me, ninguém é insignificante!
Globalizar a Solidariedade
Para diminuir as desigualdades...
O mercado em escala mundial (distante de compreender toda a troca comercial) não integrou os países e as pessoas, nem poderá fazê-lo, devido aos baixos níveis de competitividade de que muitos partem. É claramente insuficiente. As desigualdades na saída não podem produzir mais do que desigualdade acentuada no caminho e na meta. A globalização não pode ficar limitada a uma ligação entre "os de cima", deixando de fora "os de baixo". Trocar bens e produtos cria laços de interdependência (também de dependência), mas não gera per se relações pessoais, laços de solidariedade, compartilhar ilusões e projetos, compreensão e respeito pelo outro, etc. A sociabilidade tem que se apoiar em outras interdependências, em formas de integrar os sujeitos em atividades e projetos comuns." (SACRISTÁN, Gimeno. A Educação que ainda é possível: Ensaios sobre uma cultura para a educação. Porto Alegre: Artmed, 2007)
A globalização criou laços que unem os países e que, também promoveram a diminuição das distâncias e a agilização dos transportes e comunicação. A base de toda essa realização está diretamente ligada à questão dos laços comerciais que unem as nações. Produzir alhures, comercializar mundialmente, cortar custos, encontrar melhores opções de matérias-primas, utilizar mão-de-obra mais barata e, principalmente, aumentar as possibilidades de vendas entrou na pauta das nações com enorme ênfase nos últimos 20 anos.

O que não foi aperfeiçoado, no entanto, foram as relações humanas entre essas mesmas nações. O que se quer é dinheiro, cada vez mais e maiores lucros. Se para isso é necessário apertar as mãos de outras pessoas, de diferentes culturas e origens, sempre com um sorriso no rosto para expressar cordialidade e simpatia - assim será feito...

Mas até que ponto estamos nos preocupando em criar um mundo no qual os laços de solidariedade e de humanismo possam sobressair nesse universo em que os negócios estão sempre em primeiro plano?

Sacristán traz a tona essa preocupação que compartilho. As relações de dependência ainda existem e, paralelamente a elas, também surgiram e estão se consolidando laços de interdependência. Temos que atentar, porém, para a desigualdade dos pares...
Há países muito ricos e outros apenas remediados, há alguns em desenvolvimento acelerado e tantos outros que estão afogados em problemas ainda básicos, relativos à sobrevivência (como a produção de alimentos, o analfabetismo, a poluição ambiental...).

E esses pares desiguais, que dançam ao som de ritmos completamente distintos, pisam continuamente uns nos pés dos outros... Acertar o ritmo dessa valsa (ou samba, rock, pop music, tango...) exige muito mais do que cifras e investimentos (também muito necessários).

O que é necessário? Precisamos de debate, consenso, ação e entendimento em prol não apenas de interesses mesquinhos, localizados ou setorizados - mas globais, que redundem em benefícios e melhorias para todos...

Gosto quando te calas
O poder do silêncio
“Gosto quando te calas porque estás como ausente, e me ouves desde longe, e minha voz não te alcança.” Pablo Neruda – De veinte poemas de amor y una canción desesperada.
Fazer silêncio pode se tornar uma grande resposta a muito do que estamos vivendo. Em dias de grande tumulto como os nossos, em que a gritaria tem-nos ensurdecido, é agradável buscarmos o significado do silêncio, da ausência da voz.
O silêncio pode-nos servir como uma grande prova de carinho, de amor e de atenção. Quando fazemos silêncio, temos a oportunidade de dar mais atenção à fala do outro, daquela pessoa que sofre por não ser ouvida, por não ser compreendida dentro de sua maneira de ver a vida, de ver o mundo, de amar e de sentir-se amada, querida, aceita.
No poema de Pablo Neruda, o silêncio não é impedimento para ser ouvido, nem mesmo de longe, nem mesmo quando “minha voz não te alcança”. Talvez, ser ouvido para ele era de uma significância muito superior ao que nós hoje podemos entender.
Ser ouvido mesmo quando há silêncio é, assim, um mistério que cada um de nós somos convidados a desvendar diariamente nos mais diferentes momentos.
Ao que tudo nos indica, atribuir novos sentidos às palavras é uma das características de quem ama o outro, ama a vida, ama a si mesmo.
As definições secas das palavras presentes num dicionário qualquer podem tornar-se grandes barreiras para expressarmos o que realmente queremos dizer, aquilo que estamos sentindo, estamos vivendo ou sonhando em um dia viver.
Assim como o poeta consegue transformar palavras do nosso uso cotidiano em palavras repletas de poesias, tal como a lapidação de um diamante em seu estado mais bruto, dando formas nunca antes imaginadas, também podemos usar o silêncio para mostrar ao outro nossa preocupação com os seus interesses, com seus conflitos, com suas dores e com os seus sonhos mais insanos.
Aliás, o que mais pode ser o amor, a paz e a verdadeira preocupação com o outro senão insanidade num mundo cheio de pessoas que só pensam em si mesmas? Pessoas estas que gritam a ponto de se ensurdecer diante do choro e do sorriso de outro alguém.  É, as mais belas poesias são escritas em meio a um profundo silêncio, o pode nos envolver e mandar embora a solidão que o abandono e que o barulho são capazes de fazer existir em nossos mais diversos relacionamentos.
 Instantes
Coluna Carpe Diem
Se eu pudesse viver novamente minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida: claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não perca o agora. Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo...
Poema atribuído a Nadine Stair

O tempo tem passado com incrível rapidez. A cada vez que fecho os olhos e os reabro em seguida tenho a sincera impressão de que muitas e muitas transformações se efetuaram. Não tenho receio do envelhecimento. Faz parte da existência humana e, se bem recebido e trabalhado, o passar do tempo pode ser deveras agradável e satisfatório mesmo quando atingimos a “melhor idade”.
O que me faz tremer, aquilo que realmente me amedronta é perder as oportunidades de ser feliz. E a felicidade reside não em grandes presentes, embrulhados no mais belo papel da loja, com laço vermelho a lhe conferir ainda mais dignidade e beleza...
A felicidade está, como nos dizem alguns sábios e poetas de plantão, nas pequenas coisas da vida. No sorvete que deliciosamente saboreamos numa tarde de verão. Num mergulho na piscina. Na bicicleta que pedalamos pelas ruas para que o vento possa mexer nossos cabelos e suavizar o calor exasperante...
Atingimos o êxtase quando abraçamos alguém que tanto amamos ou quando nos sentamos à mesa com amigos e familiares para uma tradicional e apetitosa refeição no final de semana. O gol marcado numa saudável brincadeira ou a página lida de um autor que tanto nos intriga ou diverte também são exemplos corriqueiros da felicidade simples e breve, mas autêntica e duradoura nos confins de nossa memória...
Quantas não foram as vezes que desejamos congelar nossas vidas em determinados momentos apenas pelo fato de que eles nos faziam saciados e agraciados pela alegria suprema. O reconhecimento de nosso esforço pelo professor mais exigente da escola, a promoção na firma em que trabalhamos, o tão sonhado “sim” que sai da boca da pessoa amada...
E há pessoas que preferem descartar o tempo e suas amplas possibilidades de alegria a se desgastar com pequenos problemas. Existem aqueles que deixam de conversar com amigos e parentes por longos períodos e, depois de tudo, nem ao menos se lembram porque deixaram para trás a companhia de pessoa tão estimada...
Não sou do tipo que sempre se lembra do guarda-chuva ou do pára-quedas. Tenho dado preferência ao sorvete e não a lentilha. Receio, porém, que preciso correr mais riscos, mostrar-me menos perfeccionista, subir em muitas montanhas e não levar a vida tão a sério quanto tenho levado...
Como tantas pessoas, também me vejo, às vezes, em luta com problemas que são imaginários e não tão reais. Preciso andar mais leve. Tirar o excesso de peso de minha mochila para aliviar a coluna. Caminhar mais com o pé no chão e, brevemente, fazer a tão sonhada volta ao mundo...
Ainda não cheguei aos 85 anos e, portanto, ainda tenho algum tempo pela frente para poder errar mais e ter muito mais momentos bons do que tive até agora...

Instantes
Coluna Carpe Diem
Se eu pudesse viver novamente minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida: claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não perca o agora. Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo...
Poema atribuído a Nadine Stair

O tempo tem passado com incrível rapidez. A cada vez que fecho os olhos e os reabro em seguida tenho a sincera impressão de que muitas e muitas transformações se efetuaram. Não tenho receio do envelhecimento. Faz parte da existência humana e, se bem recebido e trabalhado, o passar do tempo pode ser deveras agradável e satisfatório mesmo quando atingimos a “melhor idade”.
O que me faz tremer, aquilo que realmente me amedronta é perder as oportunidades de ser feliz. E a felicidade reside não em grandes presentes, embrulhados no mais belo papel da loja, com laço vermelho a lhe conferir ainda mais dignidade e beleza...
A felicidade está, como nos dizem alguns sábios e poetas de plantão, nas pequenas coisas da vida. No sorvete que deliciosamente saboreamos numa tarde de verão. Num mergulho na piscina. Na bicicleta que pedalamos pelas ruas para que o vento possa mexer nossos cabelos e suavizar o calor exasperante...
Atingimos o êxtase quando abraçamos alguém que tanto amamos ou quando nos sentamos à mesa com amigos e familiares para uma tradicional e apetitosa refeição no final de semana. O gol marcado numa saudável brincadeira ou a página lida de um autor que tanto nos intriga ou diverte também são exemplos corriqueiros da felicidade simples e breve, mas autêntica e duradoura nos confins de nossa memória...
Quantas não foram as vezes que desejamos congelar nossas vidas em determinados momentos apenas pelo fato de que eles nos faziam saciados e agraciados pela alegria suprema. O reconhecimento de nosso esforço pelo professor mais exigente da escola, a promoção na firma em que trabalhamos, o tão sonhado “sim” que sai da boca da pessoa amada...
E há pessoas que preferem descartar o tempo e suas amplas possibilidades de alegria a se desgastar com pequenos problemas. Existem aqueles que deixam de conversar com amigos e parentes por longos períodos e, depois de tudo, nem ao menos se lembram porque deixaram para trás a companhia de pessoa tão estimada...
Não sou do tipo que sempre se lembra do guarda-chuva ou do pára-quedas. Tenho dado preferência ao sorvete e não a lentilha. Receio, porém, que preciso correr mais riscos, mostrar-me menos perfeccionista, subir em muitas montanhas e não levar a vida tão a sério quanto tenho levado...
Como tantas pessoas, também me vejo, às vezes, em luta com problemas que são imaginários e não tão reais. Preciso andar mais leve. Tirar o excesso de peso de minha mochila para aliviar a coluna. Caminhar mais com o pé no chão e, brevemente, fazer a tão sonhada volta ao mundo...
Ainda não cheguei aos 85 anos e, portanto, ainda tenho algum tempo pela frente para poder errar mais e ter muito mais momentos bons do que tive até agora...
Ler é Interagir Com o Mundo
Julia Séccolo
Ler é interagir com o mundo.
Todo tipo de leitura leva o ser humano a melhorar suas referências culturais e intelectuais.
O brasileiro não gosta de ler muito comparado a outros povos.  
Os recursos tecnológicos vieram facilitar a relação do jovem com o mundo da leitura.
Isso é bom porque é o início de um processo de descoberta com caminhos alternativos.
Creio que o livro-papel sempre vai existir como recurso saudável, inteligente, imaginativo e companheiro.
A leitura nos leva e nos enleva  às delícias da imaginação,  do sonho, da fantasia.
O real coadjuvado com o irreal. Abre portas, possibilita contatos, rupturas, conhecimento, amizade, conceitos, aprendizagem.
A leitura desenvolve a sensibilidade, aumenta o potencial criativo e cognitivo, ajuda na formação moral do indivíduo, desvela valores e crenças antes desconhecidos, levanta a autoestima, enfim, muitas vezes até cura e regenera  estados enfermos da alma e do espírito.
Temos ainda várias segmentações da leitura, que é uma forma de linguagem, e faz parte da comunicação humana.
Como nos comunicamos?
Fazendo a interação com o outro por meio da comunicação, que pode ser manifestada de várias formas: linguagem visual, plástica, oral, escrita, virtual, corporal e outras certamente já atualizadas.
Então somos emissores e receptores da linguagem que expressa o pensamento humano.
Podemos e temos o dom de ler o mundo, ler o outro, interagir e transformar os conteúdos da linguagem  e da expressão comunicativa.
Seríamos pessoas melhores  se fôssemos apaixonados pela leitura, seja ela qualquer tipo. 
Fazemos referência e preferência dos  gêneros de conteúdos apresentados  nas diversas abordagens  da leitura; mas não importa, o que é bom mesmo é caminhar pelos meios virtuais, pelas letras, pelas imagens, cores, pela vida, pelos sabores, pelo encantamento.
Interagir com o mundo implica sermos generosos e nos doarmos para o outro e pela causa, compartilhar, conviver, amar, construir, transformar, ser feliz.
Fazer a ponte, desconstruir espaços e geografias, trazer o tempo, levar a esperança, rir, chorar, acreditar  e torna-se melhor, irradiando palavras e ações possíveis de um mundo melhor e de pessoas mais humanizadas.
Ler então passa a ser   uma atitude visceral para  construção e desenvolvimento pleno do homem em sua busca por necessidades e qualidade de vida.
Lições de uma vida no mar
Navegando com os Schürmann
"A primeira parada na volta ao mundo foi Porto Belo, a 60 quilômetros de Florianópolis, bem perto de casa. Meu pai entendeu que uma viagem era conhecer o mundo. Outra era trocar uma casa de 380 metros por um barco de 45. Tínhamos de reaprender a conviver."

"Antes de chegar a qualquer lugar, a gente estudava a cultura local. Até hoje, esse é um dos meus principais valores. Nos negócios, não necessariamente os dois lados têm a mesma visão".

"Você está no mar, são 3 da manhã e está chovendo. Se é o seu turno, você tem de estar pronto para assumir. Alguém está lá fora há quatro horas. Essa disciplina de seguir o combinado é importantíssima para mim."
As frases acima foram proferidas por Pierre Schürmann, membro da famosa família catarinense de velejadores que deu a volta ao mundo há algum tempo e que hoje é presidente de uma companhia chamada ExperienceMedia, em entrevista para a revista Época Negócios (edição de Fevereiro de 2008). Destaco esses pensamentos com o objetivo de chamar a atenção para algumas lições e valores adquiridos pelos Schürmann em sua célebre viagem, a saber:
  • Primeiramente a necessidade de "reaprender a conviver" recorrente em nossas vidas sempre que passamos a viver, atuar, dividir espaços e nos relacionar com outras pessoas, povos, lugares, culturas, contextos, histórias de vida,... Não podemos nos anular, esquecer quem somos, abandonar nossas próprias experiências e raízes, mas devemos demonstrar respeito e vontade de aprender o que os outros podem nos ensinar nesses novos espaços que passamos a ocupar...
  • Nesse sentido a segunda afirmação é de vital importância, ou seja, sempre que se reposicionar em sua vida (em qualquer instância da mesma, seja ela profissional, pessoal, emocional,...) tenha o cuidado de conhecer de antemão os novos rumos e destinos que está tomando em sua vida. Estude, pesquise, conheça e, dessa forma, entre bem orientado em sua nova etapa de vida, sempre sabendo que apesar de toda a informação que tiver em mãos, surpresas e acontecimentos inesperados podem e irão acontecer...
  • Para finalizar, seja disciplinado, aprenda com a milenar sabedoria dos mares (e dos orientais) que nos mostra que temos que ter foco, objetivo e que, para chegar nisso, devemos ser persistentes, perenes, guerreiros em busca de nossas metas... Para isso, estipule com clareza quais são os seus projetos de vida, lute por eles, não desista dos mesmos, acredite sempre e, acima de tudo, saiba que é possível se você for muito disciplinado nessa caminhada.

Liderança no Século XXI
João Luís Almeida Machado
"Um líder que mereça ser lembrado? O fabuloso professor do seu filho - aquele que vê cada uma das almas que lhe foram confiadas como peças únicas. O professor que você deve evitar custe o que custar? Aquele que faz todos os garotos ficarem sentadinhos nas carteiras, incapacitados de se expressar. Não há confusão - e nenhuma criatividade, nenhuma energia. Você quer uma liderança? Vá procurar um incrível professor e veja o jogo que ele faz com a classe." (PETERS, 2008)
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a Cidadania deve ser entendida em três dimensões: ética, estética e política. Estética no sentido do exercício da sensibilidade; ética no sentido de construção da identidade autônoma e; política, visando à participação democrática através do acesso aos bens culturais e naturais. Desenvolver a sensibilidade , a identidade autônoma e a participação democrática é o desafio da educação que coincide com o desafio de devolver ao homem sua própria imagem: de ser que cria, avalia e transforma. (GARCIA, 2008)
A figura do professor, evocada por Peters no pensamento exposto acima descreve, de forma bastante simplificada e singela o conceito de liderança. E não se trata apenas de uma definição rígida, atrelada a política, mercado, marketing, esporte ou qualquer área em que o líder, o comandante supremo, a referência para todos os demais – persegue objetivos palpáveis, evidentes aos olhos de todos, materializáveis. Não há troféus, cargos, gabinetes, lucros, status pessoal, ganhos profissionais ou qualquer outra benesse material como resultado final para o líder evidenciado por Peters. O grande resultado a ser alcançado por esse profissional, que deve conter em sua alma e essência os princípios fundamentais da liderança, é a formação cidadã e ética de seus estudantes.
Incríveis professores são aqueles que demonstram de forma discreta, porém carregada de significado e energia, toda a liderança e capacidade profissional que possuem para educar para a cidadania. E o mesmo vale para os líderes que trabalham e ocupam posições em todas as outras áreas de atividade humana. Na política, no esporte, no marketing, na economia ou em qual setor de produção e atuação for, o que se espera é a liderança inteligente, com objetivos claros (mas nem sempre palpáveis, como no caso dos educadores) e o norte evidente da cidadania e da ética.
E o que queremos dizer ao falar, nesse caso, sobre cidadania senão o que nos esclarece Dalva Garcia ao lembrar os pressupostos contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais na segunda citação logo no início desse texto... Há três dimensões na cidadania, a saber: a ética, a estética e a política.
A ética a definir a construção do ser autônomo, que se reconhece e se identifica como pessoa única, com contribuições individuais a serem dadas por ele ao(s) grupo(s) com que convive. No que tange a estética é o reconhecimento da sensibilidade, da capacidade de entender e se solidarizar com o próximo, de se fazer compreender e participar suas convicções e visões do mundo que o cerca as pessoas com as quais se relaciona. Para finalizar a concepção do homem como ser político, participativo, pró-ativo, que defende suas idéias, manifesta-se publicamente em favor ou contra ações e argumentos alheios – mas que, com essas ações, julga e age sempre em prol daquilo que considera melhor para si e para o conjunto social ao qual pertence.
A liderança esperada para o século e o milênio que recentemente debutaram é justamente essa, cidadã em seus princípios e ações. Compreender esses conceitos é o primeiro passo para que o futuro seja melhor para todos. O próximo movimento é aquele em que transformamos as idéias em ações e transportamos os ideais, da prancheta, para a vida, o cotidiano...
Referências:
GARCIA, Dalva Aparecida. As dimensões da Cidadania. Disponível em http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=906. Acesso em 21 abr 2008.
PETERS, Tom. 50 lições de liderança. Disponível em http://vocesa.abril.com.br/informado/aberto/ar_127819.shtml. Acesso em 21 abr 2008.

Lutar para encontrar a própria voz
Coluna Carpe Diem
Sr. Keating - Porque estou de pé aqui? Para me sentir mais alto que vocês? Eu estou em pé sobre a minha mesa para me lembrar que nós devemos constantemente nos forçar a olhar as coisas de forma diferente. O mundo me parece diferente daqui de cima. Se vocês não acreditam nisso, fiquem em pé aqui e experimentem. Todos vocês. Um de cada vez. Tentem nunca pensar sobre alguma coisa da mesma forma por duas vezes. Se você não tem certeza de alguma coisa, faça força para pensar sobre isso de um outro modo, mesmo que ache que está errado ou que é uma tolice. Quando você lê, não considere apenas o que o autor pensa, mas dê um tempo para considerar o que você pensa. Você tem que lutar para encontrar sua própria voz, meninos, e quanto mais você esperar para começar, menos chances você terá de encontrar o que procura. Thoreau disse, “a maioria dos homens vive a vida em um silencioso desespero.” E eu pergunto, porque nos resignamos e aceitamos isso? Arrisquem-se a andar em solo novo. Agora. Uma chama em seus corações poderia mudar o mundo, jovens. Nutram isso. (Trecho do roteiro original do filme Sociedade dos Poetas Mortos, do diretor Peter Weir e do roteirista Tom Schullman, premiado com o Oscar em 1989).
Carpe diem! O primeiro material desse novo espaço de reflexão aberto pelo portal Planeta Educação teria que trazer necessariamente uma referência direta ao título dado a essa nova coluna. Através da descrição de cenas de filmes, trechos de roteiros, letras de música, poesias completas ou parciais, partes de romances ou contos, peças teatrais ou outras produções culturais tentaremos incitar uma reflexão que motive os nossos visitantes a pensar a vida de uma outra forma, buscando mais alegria, simplicidade e realização.
O exemplo inicial, dado pelo célebre personagem vivido por Robin Williams, o professor de literatura inglesa, John Keating, dado a seus alunos numa clássica seqüência daquele grande sucesso do cinema demonstra que temos que rever nossos pontos de vista em muitas situações de nossa vida.
Na prática, tenta nos motivar a mudar o foco, alterar posicionamentos, repensar situações e contextos, buscar alternativas e não ficar simplesmente batendo sempre na mesma tecla, usando as mesmas fórmulas desgastadas e repetindo erros.
Ao subir numa mesa e modificar a forma como direcionava suas palavras aos alunos, Keating procurou motivá-los a ver sua própria sala de aula a partir de um outro prisma, percebendo elementos que eles ainda não haviam visto, sentindo diferentes nuances e se permitindo, a partir dessa atitude, a alçar vôos que nunca antes haviam sido realizados... Afinal de contas, é preciso superar nosso “silencioso desespero” e descobrir “nossas próprias vozes” para que o mundo não seja





 Mestres na Arte de Viver
A felicidade está logo ali
 “Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a religião. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.” (Pensamento Zen, apresentado por Domenico de Masi, Sociólogo Italiano, no livro “O Ócio Criativo”)
Como seria bom se todos conseguissem ignorar as linhas divisórias que estabelecem as fronteiras entre trabalho e tempo livre. Imaginem o ganho de felicidade. Haveria também, é claro, ganho de produtividade. Mas, acima de tudo, o maior lucro seria a satisfação pessoal, a alegria de viver estaria em alta, se não em todo o tempo, na maior parte dele...
Sonho com a escola que um dia será capaz de efetivar uma relação de trabalho tão prazerosa com seus alunos, que educação e recreação se tornarão uma coisa apenas. Aprender de forma lúdica, instigante, interessante... Que professor não deseja atingir esta alquimia, criar a fórmula que transforma qualquer reles pedregulho numa pepita de outro ou mesmo água, ainda que pura e cristalina, no mais saboroso dos vinhos, o néctar dos deuses... Que alunos desejem estar nesta escola que os desafiam enquanto lhes permitem aprender, que os fazem jogar ao mesmo tempo em que ampliam seus saberes...
E quem criou as fronteiras entre o fazer produtivo e o tempo livre, aquele que as pessoas dedicam ao seu desfrute?
Foi Deus, podem dizer alguns, ainda crentes na ideia de que não depende de nós o amanhã e sim de forças maiores, desprezando nosso livre-arbítrio. Foram os capitalistas, pensam tantos outros, atribuindo a sua sanha por lucro a criação de um modelo social, no qual o que importa é ser produtivo. A responsabilidade é dos governos, alegam vários, que tudo atribuem às forças políticas que comandam, segundo pensam, todas as forças do universo, ao menos aquelas da esfera terrena...
Se há responsáveis ou culpados por termos sido expulsos do Éden, sem dúvida alguma, somos nós mesmos. Cada indivíduo é o verdadeiro e único carcereiro que tem a chave que tranca a si mesmo atrás das grades aparentemente inexpugnáveis de sua própria prisão. Sendo assim, abrir ou manter fechado o caminho para uma existência marcada pela felicidade ou pela tristeza compete exclusivamente a quem, a não ser a nós mesmos?
A distinção entre trabalho e tempo livre está, portanto, em nossa própria mente e se propaga ou permanece entre nós em virtude da incapacidade que temos de buscar caminhos alternativos, que nos permitam cruzar as rotas e tornar o dia de amanhã muito mais são, doce, alegre, saboroso...
Domenico de Masi, ao resgatar através deste belo pensamento Zen a necessidade de superarmos as barreiras que travam nossa busca pela felicidade, nos permite reviver e crer novamente nas sábias palavras do eterno Beatle John Lennon, quando afirmou que “o sonho não acabou”...
E qual é o melhor dos sonhos senão aqueles nos permitem trabalhar como se estivéssemos brincando, estudar como se fôssemos nos divertir, produzir ao mesmo tempo em que aprendemos, rezar enquanto vivenciamos de forma terna e serena o mais sublime amor... Só precisamos então, encontrar a chave para sair do cárcere, abandonar o calabouço, encontrar a luz e fazer da alegoria da caverna de Platão, mais do que metáfora, realidade...
apenas diferente, mas principalmente melhor... Milhões de Minutos...
Como você está usando o seu tempo?
(Fonte: Toda Mafalda, Quino, Editora Martins Fontes)
Já ouvi dizer que alguns dos maiores escultores de todos os tempos costumam falar que as obras que criaram já estão dentro dos monólitos de pedra por eles talhados. Coube a eles “apenas” enxergar o devir das referidas obras, ou seja, ter a necessária sensibilidade para perceber o que se escondia por detrás daquelas rochas ainda em estado sólido, bruto.
Da mesma forma, quem escreve e exerce com maestria as artes da produção de textos - literários, técnicos, jornalísticos, científicos, filosóficos – vê, invariavelmente, a sua frente, uma folha de papel em branco, não preenchida e, aos poucos, vai consolidando suas mensagens, ideias, pesquisas, descrições, narrativas...
Realizam-se em casos como o dos artistas plásticos e escritores o que chamamos de trabalho de composição, de elaboração, de criação. Especificamente no que se refere aos textos, por exemplo, vale lembrar que a palavra “texto” deriva de “tecido”, ou seja, relaciona-se a um trabalho de construção ponto a ponto, selecionando os nós e as amarrações mais corretas e adequadas para que se expresse, com o máximo de clareza, o que se quer apresentar através das palavras.
Parece fácil aos olhos de outrem, mas tal sensibilidade, arte, habilidade, competência, ou seja, lá como a quiserem chamar depende, por sua vez, da forma como nos relacionamos com os milhões de minutos “que ficam esperando a vez para sair dos relógios”, como sabiamente nos diz Mafalda, imortal criação do argentino Quino.
E quanta “responsabilidade” há, portanto, na forma como nos relacionamos com o tempo... Relação esta que nem ao menos nos preocupamos em administrar já que sempre pensamos que temos muito mais segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos do que realmente iremos ter ao longo de nossas vidas...
Situação que se parece com a relação que travamos com recursos naturais como a água... Agimos de forma inconsequente, usando este e outros recursos como se eles jamais pudessem se esgotar... Com isso nos condenamos, e a muitas outras pessoas igualmente, a um amanhã que pode ser desolador, preocupante, de conflitos...
O tempo que temos, ainda que artificialmente concebido, mesmo que demasiadamente humano, é algo que não podemos pegar, sentir, tatear, guardar em um invólucro, poupar para depois... Ao nos depararmos com o questionamento de Mafalda, devemos pôr a mão na consciência e, mais do que rir de nós mesmos, pensar e agir no intuito de melhor utilizar os minutos que temos pela frente... Sejam eles quantos forem... Até mesmo porque, realmente, não sabemos por quanto tempo os teremos...
Morre lentamente
Carpe Diem
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos
olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante... Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.
Martha Medeiros
Escritora Brasileira
Conheço inúmeras pessoas que morrem lentamente. Penso até que para a morte não lhes falta nada, somente o velório e o enterro. São pessoas que reclamam constantemente de tudo que lhes acontece durante a vida. Diga-se de passagem, que a vida, para essas pessoas, é um pesado fardo que lhes foi concedido sem que se pudesse perguntar a elas se realmente desejavam isso...
São pessoas que não se arriscam a tomar um banho de chuva de vez em quando. Que não ousam sair de casa sem um guarda-chuva ou uma capa a protegê-los. Não querem se arriscar e perceber que aqueles pingos gelados, caindo aos milhares dos céus, também são uma grande dádiva que nos é dada por Deus.
Mudanças lhes causam arrepios. Não acreditam que irão se arrepender de não ter tentado mudar, mesmo as pequenas coisas de suas vidas. Envelheceram muito rapidamente e não ousam colocar o nariz para fora da porta de suas casas. Escondem-se em suas modernas cavernas imaginando-se protegidos do mundo. Esquecem-se que é no contato com o mundo que realmente crescemos, aprendemos, nos machucamos, nos maravilhamos, choramos ou damos risadas sonoras e gostosas...
Falta-lhes, como nos diz o sábio Neruda, a paixão. O fogo não lhes arde no coração e não os impulsiona a fazer as loucuras que todos temos que fazer algum dia em nossas vidas. São pessoas que nunca deixarão para trás seus cotidianos para andar na praia, sentir a brisa marinha, deliciar-se com a água a lhes molhar os pés...
O mar, para pessoas assim, é uma beleza somente a partir da tela da TV. A mesma televisão que os escraviza e que muitos pensam lhes fazer livres. Não viajam para conhecer novos lugares e pessoas, sentir sabores e odores diferenciados, entregar-se a realidades e contextos completamente diversos daquilo que possuem.
Não viajam nem mesmo através das letras e da imaginação de fantásticos escritores, cronistas e poetas, como o próprio Pablo Neruda...
Morrem lentamente (ou já estão literalmente mortos) porque nem ao menos parecem se amar. Quem se ama se entrega para a vida e para o mundo de braços abertos. Quer conhecer, conquistar, bradar alto dos mais altos picos de montanhas, nadar entre os peixes, brincar sempre como criança, beijar com paixão o amor de sua vida como se fosse a primeira vez em cada nova oportunidade,...
Não se restrinja a somente respirar. Abra os olhos. Encha os pulmões. Sinta o calor emitido pelo sol. Explore o mundo e deixe que o mesmo o seduza e o conquiste. Viva cada minuto como se realmente fosse único...
Não me entrego sem lutar
Uma composição de Renato Russo
Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói.
Estes são dias desleais.
(...)
Reconheço o meu pesar,
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
(...)
É a verdade o que me assombra,
O descaso o que condena,
A estupidez o que destrói.


(...)
Não me entrego sem lutar
- Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.
(...)
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas para contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer.
Não olhe para trás
- Apenas começamos.
O mundo começa agora
- Apenas começamos.
Renato Russo
(Cantor e Compositor Brasileiro)

O cavaleiro a empunhar sua espada se vê frente a frente com um enorme dragão. Seu reino foi devastado por um poderoso inimigo. Suas terras ardem em chamas. Os campos estão condenados. A população lutou bravamente mas sucumbiu. No horizonte não há nuvens brancas, o céu está cinza, trovões e raios anunciam uma tempestade. É hora de bater em retirada? O que deve fazer esse bravo guerreiro, ainda de pé, apesar dos inúmeros golpes que o atingiram? O que você faria se estivesse no lugar dele?
Muitos (a maioria) iria depor as armas. Entregar-se seria a solução. Abrir mão das terras, do castelo, do futuro de seu povo em troca da preservação da vida não seria considerado indigno. Ainda mais depois de tantas batalhas vencidas e perdidas, em que o nosso herói sempre demonstrou sua valentia, seu destemor, seu apego a terra e ao povo...
Ou seria melhor lutar até morrer? Racionalmente falando essa seria, sem dúvida, a pior das opções. Poderiam pensar os mais afeitos ao pensamento lógico que a perda da vida desse guerreiro implicaria na impossibilidade de novas batalhas numa perspectiva futura. O amanhã, de acordo com esses racionais pensadores, poderia ver uma reversão do cenário tenebroso em que esse cavaleiro se encontra nesse exato momento...
Mas quem garante que esse valoroso lutador teria o seu pescoço preservado por seus inimigos? Afinal de contas, preservar tão valentes combatentes poderia significar, mais para a frente no tempo, a possibilidade de novos confrontos, com revézes e infortunios para os vencedores de hoje, não acham... Pensando assim, o melhor seria lutar até a última chama que alimenta a vida estar acesa...
E se os vencedores forem piedosos e magnânimos? E se, nesse caso, sua vida fosse preservada e, na pior das hipóteses nosso corajoso soldado fosse aprisionado ou escravizado? Sua vida seria mantida, não seria?
Digo apenas que preferiria lutar até a última gota de sangue de meu corpo se esgotar... Não aprendi a me render, como nos diz Renato Russo em sua composição... Prefiro acreditar que, na pior das hipóteses, minha saga seria preservada através dos cânticos e folguedos populares, sendo passada de pai para filho ao longo dos tempos para que me eternizasse numa Ilíada ou numa Odisséia...
Luto pela minha terra. Pelejo por justiça. Quero paz e civilidade, mas vejo muitos erros. A corrupção que atinge nossa sociedade e a torna cada vez mais vil. A insensibilidade das autoridades. A destruição do meio-ambiente. O analfabetismo e a exclusão social. As epidemias e o descaso na saúde... Temos muitas frentes de batalha pelas quais lutar e não podemos nos omitir. Temos que manifestar nossa insatisfação e abandonar a letargia... Sejamos pois os guerreiros valorosos que querem contar histórias felizes, com coisas bonitas para relatar... O sonho não pode acabar...
Afinal, é a verdade o que me assombra, o descaso o que condena e a estupidez o que destrói, não é...
Jamais aceitaria o cárcere, muito menos a escravidão. Se nos submetemos perdemos a dignidade, a honra... Abdicar da liberdade em qualquer circunstância é inaceitável... Se a batalha é justa, se os valores defendidos são éticos e se atrás de si há uma legião de pessoas que dependem de suas forças, não fuja a responsabilidade, entregue-se de peito aberto a luta... Ecoe suas crenças e seus valores pela eternidade, lute até o fim, não se entregue jamais!
Não quero o poder
O Último Discurso
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... Negros... Brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria; Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
Charles Chaplin
(Trecho do discurso final do filme “O Grande Ditador”)
Pode parecer hipocrisia da minha parte, mas faço minhas as palavras de Charles Chaplin em seu célebre “Último Discurso”, pronunciado no clássico filme “O Grande Ditador”, ou sejam... “...não pretendo ser um imperador”. Penso que o mundo já tem imperadores demais. Há reis em demasia. O poder que corrompe está por todos os lados e tentamos nos mostrar alheios a toda a corrupção que polui tantos ambientes pelos quais transitamos...
Como Adão e Eva, envolvidos pelas doces e sedutoras palavras da serpente que lhes prometia a chave do paraíso ao lhes dar a maçã, o fruto proibido, temos sidos tentados a vender nossas almas ao diabo. E nem ao menos percebemos que nossas maçãs nos são dadas sob diferentes formas. Disfarçadas por rótulos e embalagens vistosas e belas que escondem, em seus receituários e ingredientes, inúmeros produtos tóxicos que envenenam as nossas existências e nos fazem cada vez mais perniciosos, maledicentes, céticos,...
Não quero o poder. Não almejo o comando das ações. Quero a compreensão. Preciso do diálogo. Luto pelo entendimento. Busco valorizar a todos e ajudar a formar equipes por onde passo. Não acredito que as estrelas possam brilhar se ao seu redor não existir o negro manto da noite que as realça e, por isso mesmo, penso que todos precisamos de todos.
Não há vitórias se alguém se julga mais importante ou melhor do que os demais elementos que compõem o cenário. O que seria de Jesus Cristo na célebre “Última Ceia”, retratada magistralmente por Leonardo da Vinci, se os apóstolos e Maria Madalena por ali não estivessem com ele para a divisão dos pães e das atribuições e responsabilidades que resultaram na constituição de um dos maiores movimentos de idéias de todos os tempos?
Há, no entanto, derrotas certas no horizonte quanto o astro do time fica esperando a bola no pé a todo o momento e comemora os gols de seu time utilizando-se daquele momento de celebração coletiva para fazer publicidade de algum produto e ganhar mais alguns “cobres” para engordar sua conta bancária... Quem, entre os anônimos coadjuvantes dessa celebrada virtuose esportiva vai se dispor a lhe passar a bola?
Vivemos num mundo que é cada vez mais egocêntrico e egoísta nas pessoas que o habitam. Se não bastassem a vaidade, o orgulho e a competição exacerbada que nos compelem a atitudes tão extremas quanto sacrificar um “amigo” para conseguir uma promoção em nossos empregos, vemos ainda a tecnologia que também nos mobiliza ao isolamento, ao afastamento e ao surgimento dos eremitas virtuais...
E como Chaplin era sensível. Seus filmes demonstravam, já nas décadas de 1930 e 1940, como no caso dessa obra inesquecível que é “O Grande Ditador” ou ainda no não menos memorável “Tempos Modernos”, que as máquinas e equipamentos que surgiam e nos davam perspectivas de melhores dias no amanhã estavam, na realidade, nos tornando menos e menos humanos...
Temos que suplantar os nossos infortúnios resgatando a humanidade perdida. Somente com doçura e afeição, como nos diz Carlitos, poderemos realmente retomar a trilha da felicidade. Ainda há esperanças, afinal, como atesta o próprio “Último Discurso”, “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo”...
No fim das contas são as pessoas que fazem a diferença
Bernardinho
Vinte anos depois de ser vice-campeão mundial e olímpico no papel de levantador reserva, Bernardinho, agora como técnico, levou o Brasil ao título nas Olimpíadas e no Campeonato Mundial. Fez de um time sem resultados expressivos nos últimos anos a seleção mais temida no mundo do vôlei. Transformou pessoas – uma especialidade sua. Criou uma geração segura de jogadores determinados, revigorou o ânimo de alguns outros e construiu uma equipe de assistentes a quem entregaria ouro em pó. Foi nesse refinado processo de garimpagem e lapidação que o Brasil viu surgir a preciosa carreira desse líder. Há muitas frases ditas por Bernardinho que merecem ser guardadas para reflexão. Algumas delas simples, outras complexas, mas todas com um conteúdo que resume, em pequenas doses de sabedoria, o segredo de tanto sucesso. A minha preferida é ‘No fim das contas, são as pessoas que fazem a diferença’. Considero essa frase um achado. Afinal as instituições não funcionam sozinhas, não se gerem por toque de mágica, nem os cargos têm vida própria. Equipes, empresas, corporações ou governos são o resultado do trabalho de um grupo de indivíduos. Nesse processo, é preciso encontrar o que houver de melhor em cada um deles para tornar sólida a instituição; faze-los entender que o esforço coletivo leva à vitória, mas o talento individual desorientado tende a fracassar. Assim descobrem-se as grandes vocações e aperfeiçoam-se as virtudes.” (João Pedro Paes Leme, na introdução do livro “Transformando Suor em Ouro”, de Bernardinho)
O vôlei, como os esportes coletivos em geral, sintetiza a vida em comunidade. Grandes equipes surgem. Times medíocres também passam pelas quadras. O que os diferencia? Se pensarmos em termos técnicos poderíamos dizer que treinamentos, equipamentos, investimentos, instalações, participações em campeonatos, experiência dos treinadores, qualidade individual dos atletas, entre outros fatores, fazem com que alguns cheguem ao topo do Monte Olimpo e ganhem as medalhas de ouro, prata ou bronze e outros apenas peregrinem pelas quadras e campos, passando pelo purgatório ou, em alguns casos, vivendo sempre pelos confins do inferno...
Quando assistimos partidas de vôlei na televisão ou nos estádios percebemos que esforço e dedicação são elementos que fazem parte tanto daqueles que vencem quanto dos que saem perdedores numa peleja. O suor escorre pelo corpo dos atletas. Seja com equipes masculinas ou femininas, o brilho das luzes aparece em seus rostos, realçados pelo líquido que brota de seus corpos atléticos.
Se pararmos então para refletir, porque há, então, aqueles que parecem sempre destinados a vencer? Em competições de alto nível - sejam os campeonatos nacionais, mundiais ou olímpicos - as equipes envolvidas parecem contar sempre com a melhor das estruturas de apoio para que possam até mesmo participar – se classificando em jogos eliminatórios e provando sua superioridade em partidas sempre duríssimas.
O que ocasiona o surgimento de esquadrões tão vitoriosos como o do Brasil de Bernardinho, a Itália de algum tempo atrás, os Estados Unidos da década de 1990 ou a União Soviética que imperou durante os anos 1980? Se os fatores gerais são relativamente equilibrados, o que ocasiona o predomínio de uns sobre os demais durante certos períodos de tempo?
Nesse sentido a frase de Bernardinho na introdução de seu livro “Transformando suor em ouro” (Editora Sextante), destacada no prefácio pelas mãos do jornalista João Pedro Paes Leme, em que se ressalta que são as pessoas que fazem a diferença tem total pertinência. E o raciocínio fica ainda mais completo quanto se percebe que essa diversidade de talentos somente ganha escopo e força a partir do momento em que todos unem suas competências em prol de objetivos comuns, conforme podemos ver nas equipes treinadas com qualidade inquestionável por Bernardo Rocha Resende, esse obstinado e vitoriosíssimo treinador brasileiro.
Não adianta nada termos dez jogadores do porte de Pelé, Michael Jordan ou Giba – apenas para citarmos alguns expoentes de esportes coletivos – se eles não estiverem motivados, conscientes de seu papel dentro de um grupo, irmanados pelo espírito guerreiro de uma equipe que quer a todo o custo obter vitórias e atingir seus objetivos.
Ter craques pode ser um grande diferencial apenas se você souber fazer com que eles passem a bola para seus companheiros e não se interessem em se promover em detrimento do grupo fazendo firulas que aparecem com destaque na mídia, mas que nada produzem para o esforço coletivo...
Liderar talentos e obter dos mesmos o melhor rendimento dentro de um grupo de trabalho, seja no vôlei ou numa empresa, aconteça isso numa equipe de futebol ou numa escola, ocorre quando a qualidade individual é adicionada à disciplina, ao espírito fraterno, a disposição para o esforço máximo tanto nos treinos quanto nas partidas, a humildade e, principalmente, ao respeito e valorização das diferenças que, conjuntamente, formam equipes realmente vencedoras.
Obs. Num país como o nosso, onde se valoriza apenas o lugar mais alto no pódio, muitas vezes uma medalha de bronze, um sétimo lugar ou mesmo uma classificação entre os 20 ou 30 melhores numa prova de atletismo da elite mundial é pouco considerada, divulgada e reconhecida. Estar num evento mundial ou olímpico é pertencer a Meca do esporte mundial. Investimentos estatais ou privados em nosso país ainda não atingem todos os atletas e modalidades e, para alguns desses esportistas, ir aos Jogos Olímpicos ou a Campeonatos Mundiais é, por si, um grande feito. Esses homens e mulheres valem ouro também.
Zilda Arns: Doutora em Humanidade
Maria Clara Lucchetti Bingemer
Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.

Onde mais poderia a morte ter colhido esta mulher, qual fruta madura e túrgida de sumo e sabor? Onde mais poderia ter feito sua passagem para a vida em plenitude na qual sempre acreditou e pela qual deu o melhor de suas energias? Que outro poderia ter sido seu destino? Que morte pousaria melhor selo nesta vida que foi condição para que tantos e tantas tivessem direito à vida ou pelo menos a uma vida mais humana?

Onde mais poderia estar essa doutora em medicina e pedagogia? Atendendo nos consultórios desinfetados e imaculadamente limpos, onde os pacientes abastados pagam polpudos cheques pelas consultas? Nas salas de aula das universidades que enchem os peitos de medalhas, as biografias de prestígios e honrarias?

Onde mais poderia ser encontrado o corpo chegado ao termo de seus dias desta viúva e mãe de cinco filhos, avó de vários netos? Em casa, no sossego do lar, gozando alegremente da companhia dos seus, rodeada do carinho dos familiares e amigos? Em ambiente higiênico e confortável, recebendo os cuidados que já poderia esperar aos 75 anos quando tantos se recolhem e já não mais exercem as atividades antes desempenhadas?

Não quando se trata da Doutora Zilda Arns, catarinense de Forquilhinha que cinco anos após enviuvar e deixar o cargo público que exercia no governo da cidade onde vivia, no estado do Paraná, recebeu telefonema do irmão, o então cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, como um chamado de Deus: fazer um projeto de combate à mortalidade infantil. Tratava-se de ensinar às mães das camadas mais pobres da população a salvar a vida de seus filhos que morriam como moscas, dizimados pela diarreia e a desidratação com a confecção de algo tão simples como o soro caseiro.

Como ela mesma declarou em entrevista no ano passado à revista Época, naquele momento sentiu que Deus a preparara durante a vida inteira para aquela missão. Naquela noite, em vez de dormir, pensou e redigiu o projeto integral do que foi depois a Pastoral da Criança, que tem salvado algumas milhões de vidas, baixando os níveis da mortalidade infantil no Brasil em proporção surpreendente. Por isso foi exportado a vários outros países, onde a injustiça e a opressão da fome e das condições inumanas de vida ceifavam gerações de crianças e a esperança de povos inteiros.

Hoje uma rede internacional de mães e agentes sociais salvam vidas através do soro caseiro, da multimistura, combatendo desnutrição, diarreia, desidratação e infecções primárias que não permitiam que tantas vidas se desenvolvessem e crescessem. Com sua imponente estatura loura, seu passo nobre, sua palavra segura, a Doutora Zilda comandava esse exército do bem e da paz, visitando os projetos e as comunidades, dando palestras para conscientizar governo e Igreja local, assessorando estados e nações.

Três vezes indicada ao Prêmio Nobel da Paz, por três vezes não o recebeu. O reconhecimento de sua vida de doação e entrega generosa lhe viria por outro inesperado caminho. No miserável e castigado Haiti, onde parece que todas as catástrofes e penúrias se conflagram, Zilda Arns se preparava para dar uma conferência aos religiosos do Caribe. O terremoto que se abateu sobre a sofrida terra haitiana e vitimou a tantos, inclusive ao cardeal de Porto Príncipe, a soterrou sob escombros.

Onde mais poderia estar esta apóstola da paz e da justiça senão entre os seus? Onde mais terminaria sua jornada incansável pela vida senão ali onde a vida era mais agredida e se encontrava mais combalida e frágil? O dom da vida de Zilda Arns foi consumado de forma total e sem retorno aos mais pobres e sofridos de toda a terra neste momento: as crianças haitianas.

Esperemos que pelo menos no Brasil receba o reconhecimento que merece pelo muito que por ele tem feito. Atenção, senhoras e senhores: a Doutora Zilda pede passagem.

Maria Clara Bingemer é autora de "A Argila e o espírito - ensaios sobre ética, mística e poética" (Ed. Garamond), entre outros livros. (www.users.rdc.puc-rio.br/agape )

Fonte: Jornal do Brasil 18/1/10.
What a Wonderful World
Louis Armstrong
What a Wonderful World
(Que mundo maravilhoso)
I see trees of green, red roses too(Eu vejo árvores verdes, rosas vermelhas também)
I see them bloom for me and you
(Eu as vejo florescer para mim e para você)
and I think to myself, what a wonderful world
(E eu penso comigo, que mundo maravilhoso)

I see skies of blue and clouds of white
(Eu vejo céus azuis e nuvens brancas)
the bright blessed day, the dark sacred night
(O dia luminoso e abençoado, a noite escura e sagrada)
and I think to myself, what a wonderful world
(e penso comigo, que mundo maravilhoso)

the colors of the rainbow, so pretty in the sky
(as cores do arco-iris, tão lindas no céu)
are also on the faces of people going by
(também estão nos rostos das pessoas que passam)
I see friends shaking hands, saying, "how do you do?"
(Eu vejo os amigos apertando as mãos e dizendo “Como vai você?”)
they`re really saying, "I love you"
(Eles estão realmente dizendo “Eu amo você”)
I hear babies cry, I watch them grow(Eu vejo bebês chorando, Eu os vejo crescer)
they`ll learn much more, than I`ll never know
(Eles aprenderão muito mais do que eu jamais saberei)
and I think to myself, what a wonderful world
(E eu penso comigo, que mundo maravilhoso)
yes, I think to myself, what a wonderful world
(Sim, eu penso comigo, que mundo maravilhoso)
Letras e Música de George Weiss e Bob Tiele
Interpretada com maestria por Louis Armstrong
Dê adeus ao negativismo. Abra os olhos e admire o mundo ao seu redor. Acredite na vida. Tenha fé (seja ela qual for). Todos os dias quando acordamos estamos dando seqüência ao grande milagre da vida. Poucas pessoas têm pensado a respeito disso. A maioria dos seres humanos está tão envolvida com os afazeres do cotidiano que raramente se concede o necessário tempo para compreender o quanto somos abençoados por cada minuto de vida que temos a nossa disposição.
Por que estou falando isso? Todos os dias encontro mais pessoas preocupadas com as contas que têm que pagar do que com os próprios filhos. A cada manhã cruzo com um sem-número de outros indivíduos tão encucados com os rumos de seus times ou com a política do país que não arrumam mais tempo para dizer o quanto amam alguém...
Há uma enorme quantidade de razões para achar que o mundo ao nosso redor é realmente maravilhoso, como nos diz a canção magistralmente eternizada pela voz de Louis Armstrong. Aliás, escutar essa música já é um grande privilégio e um ótimo motivo para curtir a vida.
Podemos lembrar da letra de música e repetir aquilo que nos dizem tantas vezes os poetas e os músicos, ou seja, que há muita cor e beleza na mãe natureza, sabores variados e deliciosos em nossas comidas, odores fantásticos nas mais diversas flores, um mais que romântico brilho na lua ou ainda a água dos mares para acalmar o nosso espírito e nos preparar para dias ainda melhores.
O que pode ser mais reconfortante para cada um de nós que o abraço carinhoso ou o sorriso franco e aberto de uma criança? O que pode nos dar mais segurança e tranqüilidade do que o acalanto de nossos pais ou cônjuges? O que há de mais gostoso nesse mundo do que uma reunião com nossos melhores amigos para conversar e se divertir?
É, Louis Armstrong tinha razão quando nos dizia que as cores do arco-íris que dão graça e encanto aos céus também podem ser encontradas nos rostos das pessoas... não é tão difícil assim, basta apenas que acreditemos e iluminemos os nossos e os dias dos outros com bom-humor e esse mundo se tornará, certamente, um mundo maravilhoso...
Viva a amizade!
João Luís Almeida Machado
"Caymmi é vanguarda. De uns tempos para cá, cultivar a preguiça virou moda. Uma onda de preguiçosos assumidos assola o mundo - só no ano passado, foi lançada mais de uma dezena de livros sérios sugerindo desde a vadiagem propriamente dita ao boicote ao trabalho duro. As razões parecem óbvias. Cada vez mais gente chega à conclusão de que uma agenda lotada de tarefas a cumprir num curto espaço de tempo não é mais um motivo de status, e sim uma fonte de frustrações pessoais, além de uma porta escancarada para uma série de males, que vão da estafa aos ataques cardíacos." (Ai, que pregui. Artigo de Mariana Sgarioni, publicado pela Revista Vida Simples, Edição 41, Maio de 2006).
A vida que levamos está nos matando. Corremos riscos no trânsito. Deixamos os nossos corações a ponto de explodir a qualquer momento. Não nos preocupamos mais com as outras pessoas, apenas com as obrigações e compromissos. Não curtimos nem mesmo os doces prazeres da vida, aqueles que tanto prezamos, como por exemplo, assistir a um bom filme, escutar música com tranqüilidade ou mesmo deitar numa rede e ler um livro agradável e interessante. Viramos escravos de uma produtividade que tem que ser cada vez maior...
Percebo isso em vários espaços, especialmente em locais de trabalho. Em inúmeras oportunidades todos parecem tão absorvidos pelo que estão fazendo que nem se dão conta dos demais. As telas dos computadores estão a nos direcionar com tal força os olhares e as energias, que não há, sequer, tempo para os cordiais cumprimentos. Com tantos afazeres, nem podemos pensar, refletir, aprofundar o nosso modo de ver as coisas, de entender o mundo...
Nem mesmo a velocidade que nos traga a cada momento é motivo de pensamento, o que nos leva cada vez mais para o olho do furacão. A malemolência do baiano faz-se necessária, o ócio produtivo dos gregos antigos é uma fórmula que não pode ser esquecida jamais...
Não quero chegar ao fim dos meus dias com a impressão de que vivi apenas para bater cartão, cumprir horários, fazer relatórios ou corrigir provas. As estatísticas e o trabalho são partes importantes de nossas vidas, mas estamos nos esquecendo do que realmente é primordial, ou seja, a relação que criamos com o mundo ao nosso redor e que pode nos levar a felicidade ou a melancolia, ao êxtase ou ao fracasso, as vitórias ou as fragorosas derrotas...
E onde estão as vitórias e as derrotas? Na forma como lidamos com as pessoas, dando ou não a cada uma delas o devido respeito, companheirismo, amizade, risos, atenção, palavras,... Apesar de estar rodeado de pessoas, às vezes percebo que muitos se sentem tão sós e percebo com clareza as mensagens do filme "Crash", que alardeiam a idéia de que estamos apenas esbarrando um nos outros, sem realmente nos perceber, sem nos fazer sentir, sem realmente viver como deveríamos...
Versos tristes
Pablo Neruda - Poema Vinte
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada e tiritam, azuis, os astros, ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços. A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito. Ela me quis, às vezes eu também a queria. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura. Meu coração a procura, e ela não está comigo. A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores. Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis. Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero. É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento. Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços, minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo. (Pablo Neruda)
Paixão leva à loucura, amor traz o bálsamo para perto de nós e é capaz de curar feridas causadas pelo desamor. É nobre a coragem de dizer que ama e que por alguém é ou deseja ser amado. Vemos diariamente muitas situações de egoísmo, de falta de amor ao próximo.
Contudo, apesar de o amor ser capaz de nos trazer cura e bálsamo, ninguém pode se iludir e pensar que não haverá momentos que lágrimas escorrerão pela face daquele que ama. Há momentos que este tão grande sentimento que enche nossos corações de afeto por outra pessoa chega a ser semelhante a uma dor, mas mesmo assim ainda é bom e aconselhável investimos no amor, no verdadeiro amor. Ninguém é ou será feliz se não amar alguém. Este alguém pode ser nossos pais, nossos filhos, nossos amigos, Deus ou aquele alguém tão especial a nós.
É preciso saber que a vida perde a graça e o brilho se não sermos artistas na arte e no desafio diário do amor. É preciso acreditar que somos capazes de fazer alguém feliz e que, com isso, iremos também compor nossa felicidade, sem nos esquecer que jamais transmitiremos algo a alguém se antes isso não estiver debaixo de nossos domínios. Com isso estou dizendo que o amor precisa ser entendido, compreendido e aceito dentro de cada um de nós para assim, depois, conseguirmos cativar o outro e amar ao próximo.
É ainda, tão necessário sabermos que assim como um motorista que vai com um carro em alta velocidade na contramão escuta buzinas advindas de outros veículos mesmo sendo alertado sobre os riscos que poderão levá-lo à morte, assim também é com aquele que busca atrair outras pessoas para perto de si sem antes ter aprendido amar.
Aprender a amar é aprender a compartilhar bons e maus momentos. É não desistir de lutar, apesar de muitas dificuldades, ao lado de alguém. É olhar para o desmotivado e convencê-los que ainda há esperança de uma vida melhor. É estar perto quando todos se afastam. É dizer não para o “eu” e sim para o “nós”. Quem verdadeiramente sabe amar, sabe que o amor compartilha, reparte e divide mesmo sem diminuir.
Como nos versos de Pablo Neruda, há pessoas que, quando se dão conta, estão novamente sozinhas, ainda que em companhia de alguém. Percebem que tudo ao seu lado está exatamente como antes, mas elas próprias já não são mais as mesmas. Muitas estão desencantadas com a proposta do amor e se negaram a continuar na batalha. Ainda desejam ser felizes, mas se renderam às situações mal-resolvidas dentro de si mesmas e em relação ao outro. Querem viver um grande amor, mas ainda estão enganadas com as propagandas de um mundo falso e inexistente propostas pela mídia.
Quem estiver disposto a amar precisa entender que por mais que o amor exija dedicação e esforço entre os envolvidos, ainda assim compensa, pois diferente de tudo o que é simples e fácil de se viver e de se ter, o verdadeiro amor não conhece o pouco caso e o desdém, ele exige muito desvelo e força de vontade.
Difícil de se viver ou de se ter? É assim mesmo até porque não existe a menor graça e beleza naquilo que é fácil demais.
Universo no teu Corpo
Taiguara
Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga, mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida, sem amor, que eu aprendi.
Por uns velhos, vãos motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor
Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo, amante, amigo em minhas mãos
São teu corpo, amante, amigo em minhas mãos
[Letra e Música – Taiguara]
Onde estamos? Para onde vamos? O que queremos? Quais são nossos sonhos? O que fazemos de nossas vidas? Todos já pararam em algum momento para se perguntar isso. Ou pelo menos deveriam... Qual é o universo que pretendemos para nós e para todos os outros?
Resgato as belas letras da imortal música do cantor e compositor Taiguara para destacar pensamentos que também me afligem de tempos em tempos... E que parecem ser mais e mais freqüentes, quando sempre desejei o contrário...
“A manhã que eu perseguia”, de presença, carinho, humanidade, parece realmente não existir... “Um lugar que me dê trégua ou me sorria”, soa ainda mais distante e vago... “Uma gente que não viva só pra si” é, por sua vez, algo tão utópico que a cada novo dia me parece apenas um sonho bom, daqueles que não queremos acordar para não interromper...
Será que “o sonho não acabou”, como disse John Lennon? Ou será que estamos tão imersos no cotidiano das realizações profissionais e materiais que nos esquecemos que o que realmente importa é amar e ser amado, é ser amigo e ter amigos?
Será que nos fechamos em nós mesmos e nos tornamos “gente amarga”, “mergulhada no passado” e que só quer “repartir o mundo errado” sem se importar com aqueles que nos são próximos? E o pior, sem que nem ao menos estejamos nos dando conta de que isso está acontecendo?
Até quando ficaremos no “deserto do universo sem amor”? Até quando seremos “cegos e cativos”? Liberte-se...

Um mundo em constante mutação
David Schlesinger
Cresci em New London, Connecticut, que foi um grande centro de pesca de baleias no século XIX. Nas décadas de 1960 e 1970, porém as baleias haviam desaparecido havia muito tempo, e os principais empregadores da região estavam ligados aos militares – o que não admira, em se tratando dos tempos do Vietnã. Os pais dos meus amigos trabalhavam na Electric Boat, na Marinha, na Guarda Costeira. Com a paz, a região sofreu uma nova transformação, e hoje é mais conhecida por seus grandes cassinos de Mohegan Sun e Foxwoods e pelo centro de pesquisas farmacêuticas da Pfizer. Alguns empregos se foram, outros vieram; certas competências se tornaram obsoletas, ao passo que outras passaram a ser necessárias. A região mudou, as pessoas mudaram. Evidentemente New London não está sozinha. Quantas cidades que viviam de moinhos não viram seus moinhos fecharem as portas; quantas cidades que viviam de sapatos não viram os fabricantes de sapatos irem embora; quantas cidades que outrora foram potências têxteis não compram, agora, tecidos chineses?
(David Schlesinger, diretor da Reuters América, em memorando enviado a todos os funcionários do setor editorial; Reproduzido na obra “O Mundo é Plano – Uma breve história do século XXI”, de Thomas L. Friedman, da Editora Objetiva)
Ao ler o trecho acima reproduzido de um memorando enviado pelo diretor de uma empresa jornalística do porte da Reuters a seus editores logo me coloquei a pensar no que havia acontecido ao longo de meu tempo de vida nas cidades onde morei. Queria comprovar aquilo que Schlesinger escrevera e que Friedman destacara através de seu esplêndido livro “O Mundo é Plano”.
Minha infância toda foi passada em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, cidade que desde então teve toda a sua vida econômica atrelada ao porto e a Petrobrás. De lá para cá não mudou muita coisa, a não ser que, devido ao pagamento de royalties pelo uso da localidade pela Petrobrás, o município enriqueceu e a prefeitura tornou-se outro importante núcleo empregatício (para o bem e para o mal como bem podemos pensar...).
O comércio cresceu, os bairros periféricos também, os residenciais de veraneio expandiram-se, as estradas alongaram-se, a vida dos pescadores humildes foi ficando cada vez mais difícil, as temporadas de férias são cada vez mais atribuladas e desagradáveis pelo excesso de pessoas que por lá se estabelecem por uma, duas ou três semanas e os serviços públicos essenciais parecem nunca estar prontos para recepcionar tantas pessoas de uma só vez, mesmo com os caixas da prefeitura estando mais cheios,... É, os tempos mudaram...
A minha adolescência transcorreu em São José dos Campos. A cidade já era um pólo de desenvolvimento econômico e tecnológico. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), o CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) já permitiam antever um futuro brilhante para a cidade. Passou por crises e sobressaltos, sem dúvida, especialmente ao final dos anos 1980 e início da década seguinte...
Mas empresas diversas tornaram São José a cidade dos sonhos de muita gente, inclusive minha. Moderna, com grandes e bem projetadas avenidas, comércio bem equipado, restaurantes qualificados, cinemas, livrarias, praças, teatros, universidades, empregos... E, o melhor de tudo, apesar de cosmopolita e integrada ao mundo, ainda não perdeu o charme interiorano e o ritmo mais cadenciado de quem mora em cidade de médio porte.
Enquanto isso, a vinte quilômetros de distância, a pequena e pacata Caçapava, minha cidade de origem, continuava na mesma passada, lenta, vagarosa, quase parando... Situada entre São José dos Campos e Taubaté, na próspera região do Vale do Paraíba paulista, sendo atravessada pela movimentada Via Dutra, esperava-se que o progresso e o crescimento também batessem a sua porta...
É verdade que hoje em dia a agricultura e a pecuária já não são mais as pontas de lança da economia da cidade, a indústria e os serviços tornaram-se as áreas de maior empregabilidade e rendimentos do município, mas a vocação de cidade-dormitório (as pessoas moram lá, mas trabalham nos municípios vizinhos), que existia nos anos 1970 ainda é mantida, esse é, inclusive, o meu caso...
Tudo mudou bastante, mesmo em Caçapava e São Sebastião, onde as coisas foram um pouco mais lentas, aparentemente... O que importa constatar é que a vida das pessoas também mudou... Tudo está num ritmo mais acelerado, um tanto quanto neurótico, a exigência de produtividade nunca esteve tão alta, o tempo para si mesmo e para a família reduziram-se apesar da tecnologia e de suas promessas de paz, prosperidade, felicidade...
Hoje já não se procuram especialistas, nem generalistas, mas pessoas que sejam tudo isso e, além do mais, criativas, envolventes, bem relacionadas,... É um mundo em constante mutação e nós também temos que ser camaleões, com novas colorações de pele a todo o momento. Já não podemos só desabrochar como as flores ou evoluir como as lagartas que se transformam em borboletas... Será que é isso que queremos para nossas vidas?
Tudo que você precisa é de amor…
All you need is love…
Ewan: O amor é a coisa mais esplendorosa, o amor nos leva para cima, para onde nós pertencemos, tudo que você precisa é de amor.
Nicole: Por favor, não comece outra vez.
E: Tudo que você precisa é de amor.
N: Uma garota precisa comer.
E: Tudo que você precisa é de amor.
N: Ou terminará nas ruas.
E: Tudo que você precisa é de amor.
N: O amor é apenas um jogo.
E: Eu fui feito para amar você baby, você foi feita para me amar.
N: A única maneira de me amar baby, é pagar uma taxa.
E: Apenas uma noite, me dê apenas uma noite.
N: Não vai dar, você não pode pagar.
E: Em nome do amor, uma noite em nome do amor.
N: Você é louco e tolo, não vou ceder a você.
E: Não me deixe assim, Eu não posso viver, sem seu doce amor, oh baby, Não me deixe assim.
N: As pessoas não podem viver apenas de canções de amor.
E: Eu olho ao redor de nós e vejo, é só isso. Oh não.
N: Muitas pessoas querem encher o mundo com canções de amor.
E: O que há de errado nisso, eu gostaria de saber, o amor nos eleva acima de onde nós pertencemos, onde as águias voam, acima de uma montanha alta.
N: O amor nos faz agir como tolos, jogamos nossas vidas fora apenas por um dia de felicidade.
E: Poderíamos ser heróis, apenas por um dia.
N: Você, você será mal
E: Não, Eu não serei
N: E eu, eu beberei o tempo todo.
E: Nós devemos ser amantes.
N: Nós não podemos isso.
E: Nós devemos ser amantes, e isso é um fato.
N: Embora nada, nos mantenha juntos.
E: Nós poderíamos roubar um tempo...
Juntos: Apenas por um dia, Nós seremos heróis, para todo o sempre. Nós poderíamos ser heróis, para todo o sempre. Nós seremos heróis...
E: Eu sempre amarei você.
N: Eu não tenho culpa de amar
E: Você.
N: Como a vida é bela...
Juntos: Agora que você está no mundo.
Obs.: Veja a letra da música original no final desse artigo. Para ver o videoclip dessa canção acesse o link http://br.youtube.com/watch?v=88f0YAX1ojg.
(Letra da Música “Elephant Love Medley”, do filme “Moulin Rouge”)

Olhos nos olhos. Coração palpitando. Rosto levemente avermelhado. Uma ligeira insegurança. De súbito ela se aproxima. Tudo ao nosso redor parece diferente. O mundo de repente tem um perfume suave e agradável a predominar. As nuvens que pairavam próximas deram lugar a uma bela noite de lua cheia. As outras pessoas que estão por perto parecem ter desaparecido ou perdido completamente a importância...
Brilho nos olhos. Lábios sedutores. Impecável elegância. Papo inteligente. Irresistível presença de espírito. Senso de humor apurado. Seus passos revelam o quanto ele está seguro quanto a seus sentimentos. Suas palavras demonstram o quanto ele se sente confortável em estar aqui. O amor está no ar... Mas não será “o amor apenas um jogo”? Afinal, “as pessoas não podem viver só de canções de amor”…
Quem nunca sentiu isso? Que levante a mão e saia da sala, abandone essa leitura, pare de navegar na internet e saia em busca do mais nobre dos sentimentos. Dizem que se pudéssemos sintetizar a existência humana e, até mesmo caracterizar Deus a partir de uma única palavra, esta seria amor...
E o que é o amor senão um sentimento que nos coloca em êxtase e, que ao mesmo tempo pode nos deixar muito próximos do caos? Como definir o amor num tempo em que as pessoas parecem ocupadas demais em apenas se divertir, sem ter tempo para sorver com a devida profundidade e sabor essa tão delicada jóia, a mais bela e brilhante entre todas as pérolas?
“Tudo o que você precisa é amor”. Essa é a mais pura realidade. Quando envolvidos por uma relação de amor intenso, esplendoroso, nada ao nosso redor parece nos tirar do sério, nem o maior dos aborrecimentos consegue nos fazer acreditar que somos nada menos que imortais. O sentimento é justamente esse, o amor que aos amantes parece oxigênio é capaz de nos fazer voar, escalar montanhas, salvar vidas, sorrir o tempo todo e atingir a imortalidade...
“O amor nos faz agir como tolos”. Isso também é verdade. Mas somente os tolos por amor conseguem entender o real significado da felicidade. São apenas os embriagados pelo doce néctar do amor que podem ver além do horizonte e perceber que a existência só tem sentido quando encontramos a tal alma gêmea tão falada por poetas, romancistas, músicos, artistas,...
Somente um dia do mais genuíno amor e já poderíamos nos sentir saciados... Como os amantes do Moulin Rouge... Mas quero mais... Quero uma vida de amor… E desejo a todos a mesma felicidade… Aconteça o que acontecer, plantem árvores, escrevam livros, tenham filhos e, principalmente, amem de todo o coração a pessoa especial com a qual um dia se encontrou (ou ainda irão se encontrar).
Obs.: Dedico em especial esse texto a minha esposa, com quem há vários anos encontrei a felicidade, a realização, a paz, os sonhos e o amor. (JL)



Elephant Love Medley (letra original em inglês)
Ewan: Love is a many splendoured thing, love, lifts us up where we belong, all you need is love.
Nicole: Please, don`t start that again.
E: All you need is love.
N: A girl has got to eat.
E: All you need is love.
N: Or she`ll end up on the streets.
E: All you need is love.
N: Love is just a game.
E: I was made for loving you baby, you were made for loving me.
N: The only way of loving me baby, is to pay a lovely fee.
E: Just one night, give me just one night.
N: There`s no way, cause you can`t pay.
E: In the name of love, one night in the name of love.
N: You crazy fool, I won`t give in to you.
E: Don`t leave me this way, I can`t survive, without your sweet love, oh baby, don`t leave me this way.
N: You`d think that people would have had enough of silly love songs.
E: I look around me and I see, it isn`t so, oh no.
N: Some people want to fill the world with silly love songs.
E: Well what`s wrong with that, I`d like to know, cause here I go Again... Love lifts us up where we belong, where the eagles fly, on a mountain high.
N: Love makes us act like we are fools, throw our lives away for one happy day.
E: We could be heroes, just for one day.
N: You, you will be mean.
E: No I won`t!
N: And I, I--I`ll drink all the time.
E: We should be lovers.
N: We can`t do that.
E: We should be lovers, and that`s a fact.
N: Though nothing, will keep us together.
E: We could steal time...Just for one day.
Both: We could be heroes, for ever and ever. We could be heroes, for ever and ever. We could be heroes...
E: Just because I will always love you.
N: I can`t help loving you. How wonderful life is...
Both: Now you`re in the world.
Tempo Corporal x Tempo Mecânico
Coluna Carpe Diem
“Neste mundo, existem dois tempos. Existe o tempo mecânico e o tempo corporal. O primeiro é tão rígido e metálico quanto um imenso pêndulo de ferro que balança para lá e para cá, para lá e para cá, para lá e para cá. O segundo se contorce e remexe como uma enchova na baía. O primeiro não se desvia, é predeterminado. O segundo toma as decisões à medida que avança. Muitos não acreditam que o tempo mecânico exista. Quando passam diante do grande relógio na Kramgasse, não o vêem; tampouco escutam suas badaladas quando estão despachando flores na Rosengarten. Usam relógios de pulso mas apenas como ornamentação ou como cortesia para com aqueles que acreditam ser instrumentos de medição de tempo um bom presente. Em suas casas eles não têm relógios. No lugar deles, ouvem a batida de seus corações. Eles sentem os ritmos de seus humores e de seus desejos. Essas pessoas comem quando sentem fome, vão para o trabalho, na chapelaria ou no laboratório, na hora que despertam do seu sono e fazem amor a qualquer hora do dia. Essas pessoas riem só de pensar no tempo mecânico. Sabem que o tempo se movimenta espasmodicamente. Sabem que o tempo se arrasta para a frente com um peso nas costas quando estão levando uma criança às pressas para o hospital ou quando têm que sustentar o olhar de um vizinho que foi vítima de alguma injustiça. E sabem também que o tempo atravessa em disparada seu campo de visão quando estão saboreando uma boa comida com os amigos ou sendo elogiadas ou quando estão deitadas nos braços de um amante secreto. Por outro lado, há aqueles que pensam que seus corpos não existem. Eles vivem de acordo com o tempo mecânico. Levantam-se às sete da manhã. Almoçam ao meio-dia e jantam às seis. Chegam aos compromissos pontualmente, na hora marcada. Fazem amor entre oito e dez da noite. Trabalham quarenta horas por semana, lêem o jornal de domingo no domingo, jogam xadrez nas terças à noite...”
Alan Lightman
Professor de Física e Redação no MIT
(Massachussets Institute of Technology)
Qual é o seu tempo? Corporal ou mecânico? Você já parou para pensar nisso? O que na sua vida é determinado pelo relógio? O que, por outro lado, acontece a partir de sua própria iniciativa e vontade? Quantas vezes o relógio foi burlado por sua ação? Que ocasião marcante de sua vida teve como início a liberdade em relação aos ponteiros mecânicos da máquina do tempo e de seu infindável “tic-tac”?
Embalados pelo movimento preciso, calculado, frio e inclemente do tempo mecânico estipulamos horários para tudo em nossas vidas. Temos que acordar às seis da manhã, lavar o rosto as seis e cinco, escovar os dentes até as seis e quinze, trocar de roupa no pior das hipóteses até as seis e meia. Nosso café deve ser tomado até as sete horas, para pegarmos o ônibus ou irmos de carro ou metrô para o serviço ou para a escola e chegarmos antes das oito...
Almoçamos entre as doze e as treze horas. Lemos os jornais no final do dia, quando chegamos exaustos, pouco depois do banho que tomamos entre as dezoito e trinta e às dezenove horas. Jantamos solenemente com nossos familiares até as vinte horas. Depois vemos televisão, acompanhando o noticiário das oito e quinze, a novela das vinte e uma horas e adormecendo logo em seguida...
Programamos os nossos aperfeiçoamentos e prazeres desconsiderando inclusive os eventuais anacronismos dos relógios. Procuramos brechas em nossas agendas e encaixamos compromissos na academia, no curso de línguas, nas aulas de computação ou até mesmo, para que possamos desfrutar de um pouco de música, leitura, companheirismo e amor...
Nos tempos atuais, nem mesmo divisamos o espaço profissional do pessoal. Carregamos agendas eletrônicas em formato de telefones celulares que a todo o momento nos permitem receber chamados, ler e-mails, consultar sites ou acompanhar as notícias em “tempo real” para que os negócios estejam totalmente sincronizados com o que ocorre aqui ou acolá, sem limitações geográficas ou temporais...
Não conseguimos mais amar sem nos preocupar com as amarras do tempo mecânico. Tornamo-nos inflexíveis como o mais refinado aço produzido pelas melhores indústrias. Perdemos a maleabilidade que nos permitia rir quando bem quiséssemos ou beijar e abraçar em qualquer lugar ou momento ao amor de nossas vidas.
Alan Lightman apenas procurou iluminar nossas existências com suas palavras. Para isso, se desvencilhou do tempo mecânico que o compelia a ser simplesmente mais um andarilho a cumprir as penas que nos foram impostas sem que percebêssemos. Penas essas que definiram a nossa condição de mortos-vivos ainda que queiramos acreditar que nossos corações batem, que o sangue flui e que nossas pulsações ainda nos mantêm animados, enérgicos e vivazes...
Somos Batman e Coringa...
Tanto Yin quanto Yang
BATMAN – Você estava me procurando. Aqui estou.
CORINGA – Eu queria ver o que você seria capaz de fazer. E você não me desapontou... (risos). Você deixou cinco pessoas morrerem. Depois você deixou Dent tomar o seu lugar. Mesmo para alguém como eu... É muita frieza.
BATMAN – Onde está o Dent?
CORINGA – Essa multidão de tolos quer que você se vá para que as coisas voltem a ser como eram. Mas eu sei a verdade – não há retorno. Você mudou as coisas. Para sempre.
BATMAN – Então por que você quer me matar?
O Coringa começa a rir. Depois de alguns segundos ele ri tanto que parece estar soluçando.
CORINGA – Matar você? Eu não quero matar você. O que eu faria sem você? Voltar a extorquir mafiosos e traficantes? Não, você... você me completa.
BATMAN – Você é a escória que mata por dinheiro.
CORINGA – Não fale comigo como se você fosse como eles – você não é, mesmo que queira ser. Para eles você é uma aberração como eu... Eles apenas precisam de você agora.
(Ele se dirige ao Batman como se sentisse piedade, pena…)
CORINGA – Mas logo que eles não precisem, eles pensarão em você como uma lepra.
(O Coringa observa Batman diretamente nos olhos. Procurando).
CORINGA – A moral deles, os códigos deles... É tudo uma grande piada. Esquecidos ao primeiro sinal de problema. Eles são bons somente até o ponto que o mundo lhes permita ser. Você verá – Eu mostrarei para você... Quando o mundo se despedaçar, estas pessoas civilizadas... Irão comer umas as outras. Viu? Eu não sou um monstro... Eu só estou um pouco além da curva...
(Trecho do roteiro original do filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, do diretor Christopher Nolan, roteirizado por Jonathan e Christopher Nolan, a partir de história criada por David S. Goyer e Christopher Nolan).
Yin Yang. Quente e Frio. Fraco e Forte. Bem e Mal. Não separe estas palavras utilizando “ou”. Use “e”. Não é possível divisar a linha que separa a sanidade da loucura, ela é certamente muito tênue.
Quando ainda adolescente, ainda iniciando meus escritos, mas desde então fadado a reflexões e idealismos, vi um dos colegas “capturar” de minhas mãos uma produção que havia realizado. Queria ele mostrar o texto para nossa professora de português para que ela emitisse opinião sobre este. Ao invés da crítica ferina ou do elogio fugaz, desconcertados a escutamos dizer que estava preocupada, pois imaginava ter sido tal texto escrito por uma pessoa com tendências suicidas...
Intrigante leitura... Compreensão de quem ainda pouco me conhecia, é certo. Tal paixão nutro pela vida que, se por certo me conhecesse um pouquinho, jamais diria isto. Mas será que sua interpretação não poderia ter algum fundamento? Afinal de contas, como dissemos logo ao início destas linhas, não dá para precisar se iremos salvar o sujeito que pensa em se jogar do prédio ou se iremos nos juntar a ele, não é mesmo?
E o que pensar do Cavaleiro das Trevas quando confrontado com seu arqui-inimigo, o Coringa, a descobrir que entre ambos há pouca ou praticamente nenhuma diferença? Ou ainda saber que o objetivo do vilão não é o matar, o destruír, mas sim, preservá-lo, pois o mundo sem o contraponto do pretenso herói para ele não teria sentido, significado...
Digno de piedade, Batman é obrigado a perceber o quanto há de verdade nas palavras nuas e cruas do deformado homem que se encontra na sua frente e também se percebe uma aberração, uma anormalidade, um tão deformado ser... Ambos matam e excedem os limites da lei, da normalidade... Tanto o herói quanto o vilão escondem seus traços por trás de máscaras e fantasias para não revelar suas verdadeiras identidades... Afinal de contas, quem são, o que são, o que representam?
Não creio ser possível entender o ser humano a partir de dualidades, como Yin Yang. Somos multifacetados e imprevisíveis mesmo quando não parecemos ser. Somos Batman e Coringa...
Sobre Sábios e Tolos
Confúcio
"Os sábios discutem ideias. Os tolos discutem o comportamento dos outros." (Confúcio, filósofo e pensador chinês)
Sempre acreditei que o mais importante é a realização, o trabalho honesto, a dignidade, a ética e o respeito aos outros. Também advogo, desde sempre, o valor e a importância do bom humor, da capacidade de rirmos de nós mesmos, de nossas vaidades, do ego (por vezes) inflado, da seriedade excessiva...
Ouvi de pessoas experientes (na vida e no trabalho), que a crítica deve sempre ser feita de forma privada e o elogio, por sua vez, público... Mais do que aprender, tenho sempre prezado esta prática e, tenho orgulho de afirmar isto, em momento algum de minha vida pessoal ou profissional, expus alguém a qualquer crítica perante outras pessoas enquanto, no que se refere aos elogios, sem jamais exagerar ou subestimar, procuro torná-los de conhecimento geral...
A sabedoria contida nesta simples e singular frase de Confúcio encerra algo com que devemos nos preocupar cada vez mais neste mundo veloz, competitivo, mordaz e ferino, ou seja, com o embate quanto a ideias, proposições, realizações e diferentes modos de compreender e viver o mundo em todas as suas possibilidades e não no que tange ao comportamento alheio...
E se, ainda assim tivermos ressalvas, observações ou considerações acerca de outras pessoas, que nossa preocupação, se genuína e fraterna, procure preservar o próximo ao invés de colocá-lo no epicentro do furacão...
Seja quem você é...
Faça o mundo ao seu redor ser do jeito que você quer
Todo o homem é diferente de mim e único no Universo; não sou eu, por conseguinte, quem tem de refletir por ele, não sou eu quem sabe o que é melhor para ele, não sou quem tem de lhe traçar o caminho; com ele só tenho o direito, que é ao mesmo tempo um dever: o de ajudar a ser ele próprio; como o dever essencial que tenho comigo é o de ser o que sou, por muito incômodo que tal seja, e tem sido, para mim mesmo e para os outros. (Agostinho da Silva, filósofo português)
Você tem uma mesa entulhada de materiais diversos e se sente à vontade dessa forma? Ou seus armários estão impecavelmente organizados de forma a que qualquer pessoa consiga, em qualquer momento, encontrar exatamente aquilo que procura? Faltam lápis ou canetas, papel ou grampeador, tesoura ou cola quando você mais está precisando? Como é, enfim, o seu local de trabalho?

Não só quanto à ordem das coisas, mas também no que se refere aos objetos dispostos ao seu redor... Fotos de família, plantas, livros, pilhas de papéis, caixas ou arquivos... Tudo isso de certa forma indica quem você é, como é a sua vida, de que modo você orienta suas ações,...
Isso quer dizer que existe uma forma correta de agir, de se organizar, de estruturar seu ambiente de trabalho?
Não diria isso. Penso que há formas e formas... Cada qual de acordo com a personalidade e o jeito de cada pessoa. Julgamos e apreciamos o que vemos a partir de nossos próprios olhos, como pessoas que foram influenciadas por familiares, amigos, professores, ambientes que freqüentamos, viagens que fizemos, filmes que assistimos,...
Por isso mesmo o que lhes digo quanto a isso é que cada pessoa deve encontrar o seu caminho, a sua forma de organizar o seu ambiente de trabalho, o seu modo de orientar as suas ações nos espaços pessoais e profissionais que ocupa. Preocupar-se com a opinião alheia só irá lhe causar problemas se você é feliz do jeito que é... Portanto, curta o seu jeito, preserve as suas práticas, oriente-se a partir de seus parâmetros ao invés de ficar procurando fórmulas prontas que irão sacrificar sua liberdade e individualidade...
Se eu quiser falar com Deus
Caíram as linhas para o Céu, o que fazer?
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
(...)
Gilberto Gil
Cantor e Compositor Brasileiro
Apago a luz. Folgo o nó da gravata. Tiro os sapatos. Esqueço a data. Desligo-me momentaneamente dos compromissos, do trabalho, das contas, da família, dos amigos... Relaxo o corpo e tento fazer com que ele se desprenda, se desapegue, se liberte... Solto a voz, libero o cérebro, foco o pensamento, quero apenas falar com Deus...
Pedir-lhe a paz que todos desejamos. Orar pelo entendimento entre os homens. Rogar por alimento ao alcance de todos. Suplicar pelo fim da miséria. Desejar que o analfabetismo seja superado. Rezar para que a corrupção acabe. Pedir não mais dinheiro, mas sim compreensão, amor, felicidade...
Mas o telefone toca. O celular vibra. A televisão ligada na casa do vizinho traz as notícias da guerra nos morros ou dos conflitos no Oriente Médio. O rádio no quarto do meu filho reproduz uma música “irada” mesmo. Um homem passa na rua e chuta latas e cachorros. A interferência impede a meditação...
Forço a barra. Quero ligação direta com Deus. Preciso de seu conforto, carinho, aconchego. De novo busco o ambiente ideal. Quero um momento de paz, de solidão. Deito-me no chão. Peço numa oração de início que se torne possível falar com Deus. Vem-me a memória a música do Gil. Será que conseguirei falar com Deus?
Um carro dobra a esquina cantando os pneus. Alguém grita impropérios ao motorista pela barbeiragem. Inicia-se uma discussão de trânsito. Apitos do guarda. Mulheres exaltadas a comentar a confusão. Crianças em correria para ver o que está acontecendo. No bar próximo a confusão, alguns bêbados que por ali já faziam hora se exaltam numa discussão sobre futebol...
E eu querendo falar com Deus... Imaginando fazer-lhe ouvir minhas dores, angústias, medos, pequenos sofrimentos... Sonhando de olhos abertos com um local onde seja possível simplesmente orar em silêncio para chegar ao Criador... Como falar com Deus com tanta interferência?
E é então que percebo o quanto estamos distantes de Deus... Criamos tanta estática que talvez por isso Ele não esteja ouvindo e sabendo de tudo o que acontece por aqui... Deus do Céu, o que será preciso fazer para que possamos falar contigo? Será que com tanto barulho nos arredores conseguiremos? O que será do mundo se nem ao menos com Deus conseguimos falar? A propósito, será que mesmo entre nós conseguimos nos fazer ouvir?
Depoimentos
de uma facilidade tamanha você falar com Deus, pois não há tempo nem hora específica para tal, o que deve haver por parte das pessoas é estarem em comunhão com Ele. Pois, se tivermos passando por tribulações, podemos orar e pedir que acalme a situação, pedir direção á Ele e, não resolvermos por nossas próprias forças, vontade e na hora que queremos, por que o que predomina é a vontade e o tempo Dele. por que Ele sim Tudo Pode, por isso dizemos Deus Todo Poderoso criador do céu e da Terra. Não tem importância onde estamos para falar com Ele, não é necessário que seja o falar verbal mas também através do pensamentoem espírito de oração poi Ele tudo sabe, tudo escuta, seus ouvidos não são agravados ,Ele está presente em todos os momentos de nossas vidas, em todos os lugares,é só crer e praticar o que exige da gente sabedoria, sabemos que as lutas são grandes, por isso a Palavra diz a cada dia o seu mal não temas por que as lutas vêm mas a vitória é certa quando se põe Ele na frente. Ele é a luz não precisa de vela, Ele atende nossos desejos e nossas orações e não nos deixa voltar de mãos vazias.

Mesmo com toda nossa vida atribulada e com tantos compromissos a fazer, acredito ainda que sempre é possível conversar com Deus e entrar em sintonia. Deus é amor, esperança e toda forma de vibração positiva. Quando estou no ônibus, indo para a escola, penso muito NELE para me dar forças para continuar prosseguindo em minha missão, e sinto que Ele está presente e assim as minhas forças são recuperadas.Amém.

É de uma facilidade tamanha você falar com Deus, pois não há tempo nem hora específica para tal, o que deve haver por parte das pessoas é estarem em comunhão com Ele. Pois, se tivermos passando por tribulações, podemos orar e pedir que acalme a situação, pedir direção á Ele e, não resolvermos por nossas próprias forças, vontade e na hora que queremos, por que o que predomina é a vontade e o tempo Dele. por que Ele sim Tudo Pode, por isso dizemos Deus Todo Poderoso criador do céu e da Terra. Não tem importância onde estamos para falar com Ele, não é necessário que seja o falar verbal mas também através do pensamentoem espírito de oração poi Ele tudo sabe, tudo escuta, seus ouvidos não são agravados ,Ele está presente em todos os momentos de nossas vidas, em todos os lugares,é só crer e praticar o que exige da gente sabedoria, sabemos que as lutas são grandes, por isso a Palavra diz a cada dia o seu mal não temas por que as lutas vêm mas a vitória é certa quando se põe Ele na frente. Ele é a luz não precisa de vela, Ele atende nossos desejos e nossas orações e não nos deixa voltar de mãos vazias.

Se eu quiser falar com Deus , não preciso ir até o alto de uma montanha para contemplar o céu, estar no meio a uma multidão e me sentir sozinho, preciso apenas fechar meus olhos, abrir meu coração e observar as cores que se vislumbram diante de meus olhos depois de uma chuva forte ao final de uma tarde de verão, o som que nasce quase que imperceptível das abelhas em torno de um favo de mel, das borboletas azuis dando mais cor e vida áquela flor acanhada e simples que acaba de nascer, da batida das asas de um beija flor querendo perpetuar novas espécies, das água s que caem apressadas e geladas da cachoeira esperando com ansiedade se encontrar com os rios que descem mansamente ao caminho de outros e assim consequentemente um dia chegarem ao mar, nos amanheceres , badaladas dos sinos da igreja chamando para mais um momento de preces, enfim eu converso com Deus a todo momento desde o momento que desperto até o meu adormecer, e tenho certeza de que ele me ouve e sabe de todas as minhas necessidades, como também sabe que é Nele que me fortaleço todos os dias e NELE posso confiar. Esse é o Deus que quero falar.

A humanidade vem se afastando de Deus a cada dia. A culpa não é do barulho, das interferências do mundo. Nós somos a interferência. Nosso trabalho, nossas contas, nossas dívidas, nossa família... quando tudo está ruim, nos lembramos dEle. Mas não basta só pedir. É preciso agradecer as bençãos que recebemos. Quantas vezes lamuriamos, pedindo à Ele que nos ajude e quando tudo se resolve, vamos celebrar as vitórias com amigos, familiares, com happy hours com colegas do trabalho... e Deus? Onde está Ele neste momento? Nem ao menos nos lembramos de Sua existência. Creio que a falta de comunicação com Deus vem de nós. Ele estará sempre disposto a nos ouvir. Cabe a nós falarmos mais com Ele.


Quem realmente somos?
Coluna Carpe Diem
A alteração no padrão do comportamento das pessoas imposta pela preeminência das máquinas, das engenharias de fluxos e do compasso acelerado do conjunto, como seria inevitável, acaba também provocando uma mudança no quadro de valores da sociedade. Afinal agora os indivíduos não serão mais avaliados pelas suas qualidades mais pessoais ou pelas diferenças que tornam única a sua personalidade. Não há tempo nem espaço para isso. Nessas grandes metrópoles em rápido crescimento, todos vieram de algum outro lugar; portanto, praticamente ninguém conhece ninguém, cada qual tem uma história à parte, e são tantos e estão todos o tempo todo ocupados, que a forma de identificar e conhecer os outros é a mais rápida e direta: pela maneira como se vestem, pelos objetos simbólicos que exibem, pelo modo e pelo tom com que falam, pelo seu jeito de se comportar.
Ou seja, a comunicação básica, aquela que precede a fala e estabelece as condições de aproximação, é toda ela externa e baseada em símbolos exteriores. Como esses códigos mudam com
extrema rapidez, exatamente para evitar que alguém possa imitar ou representar características e posição que não condizem com sua real condição, estamos já no império das modas. As pessoas são aquilo que consomem. O fundamental da comunicação – o potencial de atrair e cativar – já não está mais concentrado nas qualidades humanas da pessoa, mas na qualidade das mercadorias que ela ostenta, no capital aplicado não só em vestuário, adereços e objetos pessoais, mas também nos recursos e no tempo livre empenhados no desenvolvimento e na modelagem de seu corpo, na sua educação e no aperfeiçoamento de suas habilidades de expressão. Em outras palavras, sua visibilidade social e seu poder de sedução são diretamente proporcionais ao seu poder de compra.
Nicolau Sevcenko
Historiador Brasileiro
(Em sua obra “A Corrida para o Século XXI –
No loop da Montanha Russa”)
Quem é você? A certa altura do filme Tratamento de Choque, estrelado por Jack Nicholson e Adam Sandler, o personagem de Nicholson pede ao de Sandler que se identifique perante os outros participantes de uma sessão de terapia de grupo para pessoas com diferentes distúrbios comportamentais. Ao iniciar sua resposta com dados sobre o seu trabalho e a sua profissão, o participante recém chegado ao grupo logo é recriminado pelo terapeuta que pede a ele que fale sobre si e não sobre suas responsabilidades profissionais...
Sem saber qual resposta dar, Sandler começa a falar sobre seus hobbies e passatempos preferidos. Nova repreensão do analista. Atônito e desconcertado, o jovem não sabe exatamente qual é a resposta à pergunta a ele direcionada. E o mais interessante dessa cômica seqüência é que o tema principal da resposta que ele deveria elaborar era ele mesmo...
Mas, quem ao certo sabe responder essa pergunta nos dias de hoje? Em pleno século XXI, com tanta informação ao alcance de nossos dedos, parecemos muito mais confusos do que éramos há décadas atrás, quando nossas vidas eram muito mais simples e não éramos atormentados a todo o momento pela velocidade e agilidade que nos é cobrada no trabalho, nos estudos, na vida pessoal, nos relacionamentos íntimos,...
Não somos mais reconhecidos por nossas características pessoais, por nosso caráter, valores ou origens. Prevalece, como bem podemos ver através do notável texto do professor Nicolau Sevcenko, a identificação a partir daquilo que é visualizável e exteriorizado aos olhos de outrem. Não somos, parecemos ser...
As roupas, adereços, relógios, telefones celulares, notebooks, livros, cigarros, canetas, carros ou cortes de cabelos e produtos de estética que utilizamos é que são as referências para a compreensão que as outras pessoas têm de nós no mundo atual. Quando entramos numa loja, por exemplo, os vendedores alternam o seu humor e a sua disposição de atendimento conforme a silhueta do cliente que se apresenta aos seus olhos...
Se um terno ou um tailleur veste a pessoa, ou se o celular utilizado pelo potencial cliente é de última geração, ou ainda se os sapatos e o perfume pertencem a alguma grife conhecida, pode ter certeza que o atendimento será preferencial e diferenciado. Pouco importa saber se o dinheiro que pagou por todos esses benefícios e mercadorias é de origem lícita ou ilícita...
Se por outro lado a pessoa estiver trajada de forma modesta, não ostentar jóias caras ou telefones modernos, tiver um corte de cabelo convencional e não usar um desodorante de tradicionais perfumarias... Esteja certo que os vendedores o atenderão com certo desdém...
Até mesmo o popular ditado “as aparências enganam” parece ter caído em desuso. Conhecer alguém com profundidade deixou de ser uma preocupação corrente. É lógico que profissão, formação, cuidados pessoais (asseio, higiene), vestuário e hobbies nos ajudam a entender melhor uma pessoa, seja ela quem for.
Mas no tempo em que vivemos, em que não apenas os produtos são descartáveis, mas também as relações humanas parecem ser cada vez mais cambiáveis a curto e médio prazo, precisamos rever nossos posicionamentos e buscar alternativas mais saudáveis de existência. Precisamos construir vidas que sejam contempladas principalmente pela consolidação de estados emocionais pautados em relações sólidas, de maior proximidade, sustentadas pela verdade, imperfeitas, é certo, mas honestas e sinceras...
Seja você quem for... Nunca abdique de suas características pessoais em favor de modelos pré-concebidos e modismos passageiros... Defenda com paixão suas idéias e crenças... Estenda as mãos às pessoas que ama revelando inteiramente o seu ser e não o seu ter... Tenha sempre orgulho de suas origens, família, amigos e valores... Seja sempre autêntico e verdadeiro...
Por você
(Barão Vermelho)
Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Dormiria de meias pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria a mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você conseguiria até ficar alegre
Eu pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
O que você seria capaz de fazer pelas pessoas que ama? Você seria capaz de tomar banho gelado no inverno? Mudaria de nome? Iria a pé do Rio a Salvador? Ou viveria em greve de fome?
Nos últimos tempos tenho visto poucas declarações de amor tão contundentes quanto essa música. Pena que a ênfase dada na poesia dessa canção não esteja encontrando o respaldo que merece na vida real...
E o que é a vida sem o amor? Nada além de um arremedo de existência. É como o fogo que não ilumina ou que não aquece. Parece com a água que não mata a sede ou não refresca o corpo...
Falta-nos o comprometimento. Não há amor sem um real comprometimento assim como quando não nos envolvemos verdadeiramente é porque nos falta o mais nobre e profundo dos sentimentos.
Há aqueles que nem a si mesmos devotam o seu amor. Outros deixam de expressar o seu sentimento pelos cônjuges e filhos. Existem ainda os que não gostam do mundo e, consequentemente, da própria vida...
Quem não ama muitas vezes acaba sem o amor que tanto necessita (e todos nós precisamos). E não me refiro aqui ao amor das declarações, das palavras. Falo do sentimento que alimenta e nos energiza em todo e qualquer dia de nossas existências.
Acredite. Viva com intensidade seus amores. Ilumine a vida de quem é importante para você. Em contrapartida eles serão capazes de tudo... por você!!!
Obs. A propósito, esse artigo foi escrito por vocês, amores de minha vida... Sheila, João Vítor e Thaís.
Paz-ciência – A vida é tão rara
Fabiano Brum
Sabe-se que, à luz da etimologia, a palavra “paciência” (do latim patientia) não é resultado da combinação entre as palavras “paz” e “ciência”.
Contudo, aqui, tomamos esta liberdade para ilustrar uma postura cada vez mais necessária no atribulado mundo moderno: encarar a paciência não apenas como uma virtude (inata para uns, um mistério inacessível para outros), mas como um processo de construção do próprio comportamento em relação ao cotidiano, às metas, às conquistas e às frustrações.
Antes de mais nada, é preciso afastar a ideia errônea de que a paciência prenuncia inércia, acomodação.
Trata-se de fatores paradoxalmente diferentes, quase opostos. A comodidade tem origem, antes de mais nada, na ausência de ambição.
Perde-se a paixão pela vida, o desejo outrora irrefreável de alcançar objetivos, e resta ao homem sentar-se e esperar. Pelo quê, ninguém sabe.
A paciência, por outro lado, traz no seu bojo uma ansiedade e um desejo de abrir asas e irromper o horizonte controlados e administrados sabiamente.
A paciência começa depois que as atitudes construtivas foram tomadas, diferentemente da mera inércia, que apenas aguarda para que as coisas se façam sozinhas.
Sabemos que a busca pelo sucesso e pela realização profissional não é algo simples.
Trata-se de uma viagem contínua, em uma só direção, com alguns acidentes de percurso, alguns buracos pelo caminho e algumas noites maldormidas no acostamento; mas sabemos também que o destino é um só, ao qual sempre chegamos uma hora ou outra, cada um no seu ritmo.
O problema, porém, é que alguns não respeitam a cadência estabelecida pela organização das coisas, e tentam atingir seus objetivos sem que os caminhos necessários estejam devidamente percorridos.A estes cabe cultivar a ciência da paz, ou seja, desenvolver e trabalhar a paciência.
Não atropele a ordem natural dos acontecimentos.Procure planejá-los, procure construí-los, mas, uma vez que todas as atitudes sensatas foram tomadas, controle-se e evite ser dominado pela angústia, por questionamentos vazios e nocivos.
Procure cristalizar um estado de paz interior e transformar este sentimento em um processo que pode ser desencadeado conscientemente, através da ciência trivial do autocontrole, do “conhecer a si mesmo”, conforme gravaram os gregos em tom imperativo no seu célebre aforismo.
Deixamos a seguir um trecho de “Paciência”, canção de Lenine e Dudu Falcão.
Perceba como os compositores estabelecem a atmosfera célere e errática do mundo moderno em oposição ao ritmo necessário à qualidade de vida. De como a vida, de tão curta, de “tão rara”, não pode ser desperdiçada.
Isto significa que devemos correr e nos apressarmos cada vez mais para que então não percamos nada?
Não... Significa que é a paciência esta entidade eleita para romper com o ritmo incessante das grandes cidades e dos dias gradativamente mais curtos.
É apenas através da tranquilidade e da valorização dos pequenos momentos que a vida, tão rara, tão rápida, pode ser desacelerada e apreciada como se deve.
Tenha paciência, aprecie a vida e afine-se para o sucesso!
Paciência - de Lenine e Dudu Falcão
[...]
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
[...]
Fabiano Braga Brum é contador, palestrante e especialista em motivação. Site: www.fabianobrum.com.br
Passado, Futuro e Presente
As lições de Confúcio, ontem e hoje
Certa  vez perguntaram a Confúcio:
- O que mais o surpreende na humanidade?
Confúcio respondeu: Os homens perdem a saúde para juntar  dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperá-la. Por  pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. E concluiu: Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não  tivessem vivido... (Confúcio - China: 551 AC - 479 AC)
No desenho animado Kung-Fu Panda, o mestre oriental é uma tartaruga. Nada mais emblemático e revelador. Para a sabedoria oriental milenar, a utilização inteligente e ponderada do tempo é uma grande virtude. Não é a toa que o mestre repete Confúcio no desenho animado e diz, com todas as letras, que “o ontem é passado. O amanhã não existe [é uma miragem, um ponto futuro, uma incógnita]. O hoje é o que temos, por isso, se chama presente [constituindo-se, portanto, em uma dádiva legítima]”.
Tanto a brincadeira dos produtores de Kung-Fu Panda – com a transformação do mestre oriental, um sábio respeitado e admirado por todos, numa tartaruga – quanto os dizeres proferidos por esse personagem durante o filme nos levam a Confúcio e a seu pensamento original, apresentado no início dessa pensata.
Trabalhamos como as formigas, estocando para o inverno. E nem ao menos sabemos se chegaremos a ver a mais fria das estações do ano. No mundo contemporâneo, distante alguns milênios do universo confucionista, aturdidos pelas ansiedades modernas e pela ganância, queremos estar em todos os lugares ao mesmo tempo e não conseguimos estar nem ao menos num só em plenitude.
Se chegamos a um dos lugares almejados e encontramos as pessoas que ali nos esperam, quantas não são as vezes que nossas mentes ainda encontram-se dispersas, distantes e fora da sintonia desse novo ambiente e das pessoas que ali se encontram... Será que era realmente para estarmos ali?
Provisionar o amanhã, como o fazem as formigas é lição importante aprendida pelos homens. Teremos muitos invernos pela frente. Viveremos tempos de vacas gordas e também de vacas magras. Mas a lição do hoje, do caminho que estamos percorrendo nesse exato momento, das possibilidades infinitas que se encerram nos minutos e segundos que estão a nossa disposição... Quando entenderemos?
Como bem disse Confúcio, sacrificamos nossas saúdes para ganhar dinheiro e depois usamos o que conseguimos ganhar para tentar recuperar um pouco de nossa vitalidade... Contraditório, não acham? Qual é o ponto de equilíbrio? Como podemos fazer com que nossas vidas atinjam o estágio Zen, em que conseguimos a estabilidade emocional, física, intelectual, social e produtiva?
Talvez o primeiro passo a ser dado seja descobrir-se... Quem é você? Em que acredita? O que quer da vida? Tendo feito isso, que tal buscar a verdade, ter clareza quanto a seus objetivos, estipular os seus valores, definir-se eticamente? Quem sabe assim consigamos viver melhor o presente, essa tão valiosa dádiva que a nós é concedida...
Para que reinventar a vida?
Não quero ser virtual...
HOBBY
Criar um ser artificial tem sido o sonho da humanidade desde o nascimento da ciência. Não apenas o começo da época moderna, quando nossos ancestrais surpreenderam o mundo com as primeiras máquinas pensantes: monstros primitivos que podiam jogar xadrez. Como chegamos longe. O ser artificial é uma realidade de simulacro perfeito, com membros articulados, fala articulada, e sem deixar de responder como seres humanos...
SHEILA
Ahhh!!
HOBBY
... e até mesmo respondem por memória como se tivessem dor. Como isso a fez sentir-se? Nervosa? Chocada?

SHEILA
Eu não entendo.

HOBBY
O que eu fiz para os seus sentimentos?

SHEILA
Você fez para a minha mão.
HOBBY
Vejam. Aí está o problema. Não há direcionamento. Na Cybertronics de New Jersey, o ser artificial atingiu sua forma mais aperfeiçoada. Os Mecas são adotados universalmente, base para centenas de modelos, servindo a humanidade na correria e na multiplicidade de seus compromissos diários. Isso é um grande avanço. Mas nós não temos razões para nos congratularmos. Nós estamos, certamente, orgulhosos do que fizemos, mas aonde isso nos leva? Sheila, abra.
Um brinquedo sensorial, com circuitos inteligentes de comportamento, usando seqüências tecnológicas de neurônios tão velhas quanto eu. Eu acredito que o meu trabalho no mapeamento de padrões em um único neurônio podem nos ajudar a construir um Meca de diferenciada qualidade. Eu proponho que nós elaboremos um robô que pode amar...
(Trecho do roteiro original do filme “A.I. – Inteligência Artificial”, dirigido por Steven Spielberg e escrito por Ian Watson e Brian Aldiss).
A ficção científica tem tentado nos alertar desde o final do século XIX e, principalmente, a partir da produção de seus grandes autores do século XX, quanto aos limites da ciência e da tecnologia. Limites que pensamos hoje, envolvidos por um turbilhão de descobertas que a cada novo dia transformam mais e mais nossas existências, não existirem.
E estamos tão envolvidos com os avanços da ciência e o surgimento de equipamentos e máquinas tão fabulosos que nos esquecemos de viver. Na verdade estamos tentando reinventar a vida a partir das próteses eletrônicas, mecânicas, biotecnológicas e virtuais e deixando de lado a existência que realmente importa, aquela do mundo real, físico, composto a partir de nossas ações, idéias, realizações, práticas e relações...
Ao resgatar o trecho inicial do roteiro do filme “A.I. – Inteligência Artificial”, dirigido por Steven Spielberg, o que nos chama atenção é que o que ali se propõe é o surgimento não apenas de uma nova forma de produção de conhecimento a partir de uma mente artificialmente composta, mas sobretudo a pretensão de legar a esses mecanismos a compreensão e a possibilidade de vivenciar os sentimentos...
Isso já havia sido trabalhado com relativa maestria em “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, de Ridley Scott. A implantação de memórias íntimas, que realçam os laços afetivos entre pais e filhos, irmãos, amigos, amantes ou mesmo inimigos seriam passíveis de aplicação em HDs computadorizadas e dariam aos replicantes (ou andróides, como mais comumente os chamamos) a possibilidade de humanização.
A transposição de características genéticas, a partir da pesquisa aprofundada do DNA humano, também seria utilizada para a composição de recursos eletrônicos que reproduziriam entre os mecas, replicantes, andróides ou robôs a reprodução do amor, do ódio, da paixão, da amizade sincera, da indiferença, da dor, do choro,...
O problema é que além de estarmos brincando de Deuses nessa inglória jornada pela criação da inteligência artificial também temos uma contrapartida que já se faz presente de forma assustadora no mundo em que vivemos... Ao mesmo tempo em que tentamos criar essa vida (e que nos esquecemos das que realmente temos) estamos presenciando a tentativa do homem de se tornar virtual em tempo integral... É, é isso mesmo. Há pessoas que estão assumindo outras vidas e gastando mais tempo com elas através da Web do que gastam com o pouco tempo que dispõe para experimentar o mundo real. Já ouvi pessoas afirmarem que não há mais qualquer distinção entre o real e o virtual... E não eram pessoas desinformadas, pelo contrário, eram estudiosos desse fenômeno tecnológico que estamos vivendo...
Não dá para amar pela Internet, fazer amigos sem compartilhar a presença, conhecer lugares apenas pela tela do computador, aprender a cozinhar sem estar numa cozinha e manipular os alimentos, perceber odores e cores sem vislumbrar os padrões do mundo natural, sentir dor ou felicidade sem que a presença de outros seres humanos compartilhe isso conosco,... Não quero ser virtual. Sou real. De carne e osso. Meus sentimentos derivam da minha existência em um país, um estado, uma cidade. Minhas relações pessoais e profissionais se constituíram a partir de intercâmbios com pessoas que, como eu, têm um coração batendo de forma ritmada em seus peitos... Ciência e tecnologia são ferramentas apenas. Não as torne a sua razão de viver. O que realmente faz a vida valer a pena é o sol que está brilhando lá fora, o vento que nos alisa o rosto sem que o vejamos, o abraço apertado da pessoa amada, um delicioso prato de comida preparado por sua mãe,... Para que reinventar a vida?
Os Três Marceneiros
Magui
Diz-se que há muito, muito tempo, quando os portugueses começavam a viajar para o Brasil com intenção de morar aqui, chegaram 3 mestres marceneiros animados com a nova colônia. Sabiam que por aqui havia muita madeira e pensavam construir móveis para a precisão dos colonos e, ainda, pra vender em Portugal. 
Um nobre que aqui já se instalara e queria acomodar em sua casa um bom armário, trouxe para o primeiro carpinteiro um lote de madeira e a sua encomenda.
O mestre, entusiasmado, juntou suas ferramentas e se pôs logo ao trabalho. Cortou as peças com grande dificuldade, pois a madeira era muito pesada, dura como pedra. O pobre carpinteiro suava e resmungava:
-Isso lá é madeira de gente? Que diabo, parece mais uma rocha, não há bom mestre que aguente trabalhar num pinho destes! Que saudade da boa madeira portuguesa, leve e macia, tão fácil de lidar...
Mas o pior ainda ia acontecer: na hora de pregar, não havia prego que aguentasse segurar aquela madeira. Por mais que o marceneiro tentasse, seus pregos entortavam, quebravam, empenavam sem penetrar no duro material. O português xingava, batia com força, xingava e se machucava.  E, possesso de raiva, martelava a madeira, sua mais recente inimiga.
Por fim, no auge da indignação, recolheu todas as suas coisas, procurou o freguês e lhe fez um discurso:
-Não faço a sua encomenda, não trabalho mais aqui, embarco no primeiro navio que sair desta terra maldita onde só há madeira imprestável. Coisa alguma dá pra fazer com isso: veja meus pobres pregos, do melhor metal, quebrados, entortados, espanados; veja meu serrote, meus braços, minhas mãos esfoladas de tanto fazer força. Sou um marceneiro, um bom e experiente mestre na minha profissão e não estou aqui pra me acabar, tentando enfiar meus finíssimos pregos nesta porcaria. Quero a boa madeira da minha terrinha, tenra e clara, leve e preciosa. Isto aqui que o senhor me deu só serve pra fazer fogo. Aconselho-o a usar tudo como lenha. E passe bem.
O nobre colono viu o homenzinho se afastar num passo duro e apressado. Estava inconformado: precisava de um bom armário e não tinha outra madeira. Por isso, procurou o segundo mestre marceneiro que, contente, aceitou o trabalho.
Mas logo o novo artesão se deparou com as mesmas dificuldades do outro: tentando pregar as peças já recortadas, martelava com energia e só conseguia entortar seus pregos, esfolar suas mãos. Queria fazer o armário, custasse o que custasse e se afobava, xingando seu antecessor e xingando o material que recebera:
-Era besta quem começou assim este trabalho, pois com material tão ordinário não é possível fazer um armário com tantos recortes, tantas belezas, é preciso simplificar. Nada de gavetas que são pra madeira de qualidade, farei apenas prateleiras; nada de pés ou enfeites, um bom e simples caixote pode ser o melhor modelo de armário nesta terra selvagem. O erro daquele mestre foi querer jogar pérolas aos porcos; pois comigo, será diferente. E não hás de ser tu, pau ruim, que me impedirás de fazer o meu trabalho: entortas meus finos pregos? Usarei pregos enormes, grossos, tão fortes que darão conta da tua resistência; és duro como pedra, não te consigo furar com minhas parcas forças? Usarei uma marreta no lugar de martelo; mas farei de ti um armário, nem que seja à força!  
E com muita força e poucos pregos, o português se esfalfava para construir o móvel encomendado: os enormes pregos “marretados” na madeira dura faziam grandes buracos, tiravam lascas, rachavam as peças e, o que é pior, mal seguravam as partes mais pesadas: espanavam-se, escorregavam pelos buracos, qualquer movimento os tirava do lugar. Mas o marceneiro continuava o seu trabalho, satisfeito com seus medíocres sucessos, remendando os desacertos, desculpando-se do mau resultado pela péssima madeira com a qual tinha que trabalhar.
Finalmente, chamou o freguês para lhe entregar a encomenda: era um tosco armário, feioso e cheio de marcas, bambo e desajeitado. Só de transportá-lo, o nobre colono o perdeu, pois se desconjuntou todo e acabou desabando no lugar onde seria colocado. 
De nada adiantou o marceneiro resmungar, lamentar a imperícia dos carregadores, apontar os insuperáveis defeitos daquela porcaria de madeira. O freguês o despediu com alguns poucos cobres e, teimoso, foi à procura do terceiro mestre para refazer sua encomenda.
O novo carpinteiro ouviu atentamente as explicações do freguês e suas malfadadas experiências com seus antecessores.  Examinou a madeira, passeou a mão pelos recortes do primeiro artesão, arrancou alguns pregos que o segundo conseguira enfiar e olhou os buracos que ficaram; tentou pregar com sua técnica, mas logo viu que tudo acontecia da mesma forma que fora com os outros dois.
Então, sem se afobar, concluiu que para madeira daquele tipo não era possível usar pregos, como com a madeira macia de Portugal. Em vez de xingar a madeira desconhecida e chorar os valores de sua terra, deu tratos à bola para inventar um prego diferente que desse para usar em madeira pesada e dura.
Em vez de penar com o material que lhe fora entregue, pôs-se a modificar os seus pregos até que conseguiu inventar o parafuso. Então, montou um bom e firme armário para o freguês que lhe pagou bem, felicíssimo.
Com seus parafusos, deu conta de muitas outras encomendas: seus belos, fortes e resistentes móveis de jacarandá ficaram famosos na colônia e até no reino de Portugal. Toda gente queria os móveis feitos com aquela madeira preciosa, principalmente armários, pois eram resistentes, não deixavam entrar umidade, mantinham as coisas numa temperatura ideal.
Mas o maior feito deste habilidoso artesão, especialmente valorizado e difundido, foi a invenção do parafuso que, desde então, é utilizado nos mais diferentes materiais para fazer os mais diferentes objetos.  
Às vezes fico pensando que nós, educadores e professores, ao enfrentarmos o problema daquelas crianças que não aprendem na escola, estamos às voltas com o mesmo desafio dos marceneiros.
Podemos reagir como o primeiro artesão, desqualificando nossos alunos, desejando aqueles que aprendem com facilidade, queixando das nossas condições de trabalho, desistindo de ensinar.
Podemos reagir como o segundo, desqualificando nossos alunos e teimando em fazer nosso trabalho mesmo à custa de prejudicar sua qualidade ou forçar uma aprendizagem artificial e ineficaz.
Mas, certamente, estaremos mais perto do sucesso se analisarmos cuidadosamente nossas crianças com dificuldade e reavaliarmos nossos instrumentos para que se tornem mais eficientes com elas.
Como o terceiro mestre, não devemos negar as dificuldades que encontramos: a madeira é dura e pesada, nossos pregos entortam e espanam, diferentemente da outra madeira para a qual nossos instrumentos de trabalho foram construídos. Também não devemos desistir e nem nos apressar demais para concluir nossa obra, alegando que a madeira não presta para ser trabalhada.
Devemos buscar novas estratégias, reformular nossos métodos, buscar soluções diferentes para conseguirmos realizar um bom trabalho com esta “madeira” que nos foi confiada.
O que aconteceu com nossa poesia?
Pablo Neruda – De Para nacer He nacido

Perguntam o que acontecerá com a poesia no ano 2000.
É uma pergunta difícil.

Se esta pergunta me assaltasse num beco escuro,
me levaria um susto de pai e senhor meu.
Porque, o que eu sei do ano 2000?
Do que estou seguro é de que não se
celebrará o funeral da poesia no próximo século.

Em cada época deram por morta a poesia.
Ela, contudo, se vem demonstrando vitalícia...
Ressuscita com grande intensidade, parece ser eterna.

A poesia acompanhou os agonizantes e estancou dores.
Conduziu às vitórias, acompanhou os solitários.
Foi ardente como fogo, ligeira e fresca como a neve.
Teve mãos, dedos e punhos.
Teve brotos como a primavera:
Fincou raízes no coração do homem.


O Professor e o Executivo
Para melhor saborear a vida
"Primeiro é preciso saber saborear o sucesso. E não falo só de celebrar cada conquista. É importante entender o que cada uma destas conquistas representa, identificar as lições que têm a ensinar. Mas, para ser um verdadeiro líder, generosidade de espírito é fundamental. Um CEO (Diretor Executivo, cargo mais alto em grandes empresas) tem de dar espaço para sua equipe brilhar. Sua capacidade de ouvir será determinante para o seu sucesso e para o crescimento das pessoas sob sua gestão. Quanto mais ele for movido pelo prazer de promover gente, de ver sua equipe crescer e se desenvolver, melhor líder ele será." (Jack Welch, ex-CEO da General Eletric, em palestra para estudantes no início de 2009)
Quantas lições podem ser encontradas na fala de Jack Welch? Várias e, das mesmas, são possíveis diversas interpretações ou leituras. Pode-se começar, inclusive, da primeira linha, quando se fala em “saber saborear o sucesso”. Em tempos como os atuais, em que tudo é tão efêmero quanto à luz em sua velocíssima trajetória quando a acionamos ou a desligamos, precisamos mesmo aprender a “saborear” não apenas o sucesso, mas a vida...
Ganhamos hoje e, amanhã, este triunfo já é passado remoto, distante, que não pode mais ser lembrado ou apreciado, já é tempo de “matar outro leão”... E não se trata apenas de degustar conquistas, também as derrotas e os desprazeres da vida, que carecem e clamam por algum tempo de maturação tem que ser imediatamente absorvidos e aos nossos organismos (corpo, mente e alma), cabe compreender e assimilar tais golpes dentro de um limite de tempo muito restrito...
Não há tempo a perder. Tempo é dinheiro. A dinâmica do sistema a todos oprime e, mesmo assim, continuamos inclementes com nós mesmos... O que restará de lembrança para o futuro? As horas e horas gastas no trabalho? O caos dos congestionamentos? O peso dos ponteiros dos relógios a nos esmagar e dizer a todo instante que estamos atrasados? E é neste ponto que entramos numa segunda e também relevante ponderação de Jack Welch...
Quando o celebrado executivo fala sobre o que representam as conquistas por nós alcançadas em nossas vidas profissionais ou mesmo pessoais... Quantos de nós realmente já pensamos sobre o assunto? O que significou para você ou para mim o fechamento de um contrato, a vitória de nosso time num campeonato, a publicação de um livro, a defesa de uma tese...
O que havia no final, quando cruzamos a linha de chegada e atingimos estes ou outros objetivos? Que significado real tiveram para nós? Ou será que foram mais significativos para outras pessoas, talvez para nossos chefes, familiares, amigos ou mesmo para o conjunto da sociedade? Para onde estamos indo? O que significa cada passo que estamos dando? Será que estamos apenas andando a esmo, sem rumo ou destino certo? Se dê o direito de perguntar e de buscar sua felicidade, é o mínimo que devemos fazer por nós mesmos...
Outra pérola a destacar na fala de Welch refere-se à questão do líder e da necessidade de ele se revelar generoso e agir não apenas em benefício de seu próprio sucesso e autopromoção. É, pelo menos para mim, difícil entender a própria figura do líder, se a referida pessoa não for capaz de partilhar as responsabilidades, atribuir ações e compromissos a sua equipe e, ao mesmo tempo, revelar-se capaz de dar a todos a possibilidade de crescer, de também se projetar, de alçar voos, mesmo que isto represente, em alguns casos, a partida destes comandados para outras empreitadas...
Ter prazer em promover pessoas, em dar espaço e vazão a talentos, esta é, certamente, a grande conquista de qualquer líder, seja ele um executivo ou um professor. Para tanto, como também destaca Welch, ser capaz de ouvir e, aproveito para expandir o conceito, perceber com a força de todos os sentidos, àquilo que os outros têm a dizer é uma virtude importantíssima para os líderes e para qualquer pessoa. Falamos demais, ouvimos de menos, escutamos menos ainda com os nossos corações. Está na hora de apurar os sentidos, de abrir os braços e abraçar alguém, de incentivar e promover não somente a si próprio, mas a todos que caminham a seu lado...
O poder democrático
Coluna Carpe Diem
Regra geral, estamos preparados para perceber o sentido da política antes na violência do que no diálogo, antes na coerção do que na liberdade. E quanto ao poder, se alguém nos pergunta o que é isso, as primeiras imagens que nos ocorrem são sobre os aparatos de poder. São sobre o poder como coisa. Seria casual na tradição política brasileira a referência tão constante nos discursos oficiais aos “poderes constituídos”? É que a tradição – conservadora e autoritária – faz de tudo para obscurecer a dimensão essencialmente constituinte da noção de poder, ou seja, o poder como algo que se cria, como associação livre de vontades. Para a tradição é mais fácil perceber, por exemplo, o poder de um burocrata que apenas implementa decisões de outros, do que o poder de uma proposta política que mobiliza enormes quantidades de pessoas para chegar a determinadas decisões. Percebe melhor o poder morto do “aparelho”, da máquina, do que o poder vivo, potencialmente transformador, das relações políticas reais. No limite, vê no poder a capacidade da repressão muito mais do que a da libertação.
Francisco C. Weffort
Cientista Político Brasileiro
(Em sua obra “Por que Democracia?”)
É mais fácil mandar calar do que pedir com educação para silenciar. Há mais cooperação para quem dá um soco na mesa e repercute o som da virulência do que para os que se direcionam aos demais com educação e gentileza. A força dos canhões conseguiu sufocar tantos e tamanhos sonhos de paz, prosperidade e felicidade, que as pessoas passaram a desacreditar a diplomacia, o diálogo e, até mesmo a democracia...
Mas há sempre os lutadores silenciosos, que “insensatos” como são, continuam a pelejar em favor da dignidade que prevalece na troca de idéias, tão própria a prática da democracia. Quem há de se esquecer das praças públicas em que os gregos da cidade-estado de Atenas discutiam as grandes questões políticas e sociais e que consolidaram para a humanidade o próprio conceito de debate aberto, franco, estimulador e, acima de tudo, engrandecedor para o espírito coletivo e fraterno?
Assim como, através das palavras proferidas e escritas por filósofos de todos os tempos, manteve-se viva a consciência das massas em relação aos seus direitos e mobilizaram-se milhões a se manifestar por questões como o sufrágio universal, o direito trabalhista, a tolerância, a livre expressão de idéias, a propriedade, a igualdade, a liberdade e o reconhecimento das particularidades inerentes a cada pessoa.
Ainda hoje ecoam pelos ventos as idéias dos renascentistas, dos iluministas, dos articuladores dos movimentos emancipacionistas que trouxeram a independência às colônias européias nas Américas, na África ou na Ásia. São mantidas vivas as chamas que alimentam o ideal libertário contido na vida e obra de personagens como Gandhi, Martin Luther King, Betinho, Madre Tereza de Calcutá, Simon Bolívar, Nelson Mandela, Chico Mendes,...
Alimentados por exemplos como esses, temos que desafiar o cotidiano e nos permitir acreditar que é possível, a despeito daquilo que parece prevalecer no cotidiano, em que impera a força, fazer valer o entendimento. Onde houver violência, que levemos a concordância. Se a brutalidade for à tônica, que possamos fazer do diálogo a nossa bandeira em favor da reversão. Se a repressão e o ódio estiverem incitando a descrença, que cada um de nós se sinta um missionário incumbido de trazer a esperança a partir da paz, da compreensão e do amor.
Weffort, notável pensador brasileiro, nos convida a repensar o cotidiano, a transformar nossa realidade, a rever conceitos e, principalmente, a acreditar que o “poder vivo”, aquele que é “potencialmente transformador” e que “mobiliza enormes quantidades de pessoas” pode ser realmente muito mais poderoso e transformador do que qualquer aparato de poder repressivo, burocrático, conservador e opressor que possamos imaginar...

O poder da oração
Fé em construção
Uma amiga pegou seus três filhos e resolveu viver numa pequena fazenda no interior do Canadá. Queria apenas dedicar-se à contemplação espiritual. Em menos de um ano apaixonou-se, casou de novo, estudou as técnicas de meditação dos santos, lutou por uma escola para os filhos, fez amigos, fez inimigos, descuidou do tratamento dentário, teve um abscesso, pegou carona debaixo de tempestades de neve, aprendeu a consertar o carro, degelar os encanamentos, esticar o dinheiro da pensão no final do mês, viver do seguro-desemprego, dormir sem calefação, rir sem motivo, chorar de desespero, construir uma capela, fazer reparos na casa, pintar paredes, dar cursos sobre contemplação espiritual.
- E terminei entendendo que a oração não significa isolamento – diz. - O amor de Deus é tão grande que precisa ser dividido.
Paulo Coelho
(Em sua obra “Maktub”)

Precisamos da oração. O silêncio é parte imprescindível de nossas existências. A hora da meditação e do encontro com a força divina que nos orienta em nossa existência é essencial até mesmo para a nossa sanidade. Deus existe e está por toda a parte a nos acompanhar e por isso mesmo temos tanta necessidade de encontrá-lo quando rezamos.
Apesar disso, a realização da divindade acontece principalmente a partir da interação com o mundo em que vivemos. Não devemos, por esse motivo, deixar de lado os momentos de comunhão com Deus através de nossa comunicação direta com Ele, a partir de nossas orações. Esse ponto de encontro é de suma importância para que entendamos nossa missão, renovemos os nossos votos de fé e revigoremos nossas forças.
Temos apenas que entender que os encontros com Deus ocorrem a todo o momento, tanto nos bons quanto nos ruins. A elevação acontece quando martelamos o dedo ao tentarmos pregar um prego na parede de casa e esbravejarmos inúmeros palavrões para em seguida perceber que nossa filha de dez anos está por perto a nos olhar com um olhar cândido e reprovador...
Alcançamos a sintonia com a divindade quando abrimos a porta de uma loja e deixamos uma pessoa entrar na frente ou ao empurrarmos um carro atolado para fora do buraco onde havia se metido mesmo que nossas roupas se sujem e sem que nem ao menos conheçamos a fundo aquela pessoa a quem auxiliamos...
A salvação de nossas almas reside no sorriso sincero que damos ao cumprimentar as pessoas que cruzam os nossos caminhos quando rumamos para as aulas do dia ou para o trabalho no escritório. Mesmo em ocasiões em que sofremos ou padecemos pelas dores de um de nossos entes queridos estamos acompanhados de Deus que parece nos compadecer e acalmar mesmo quando tudo parece nos conduzir as raias da loucura...
Costumo dizer aos meus alunos que não há outro momento igual ao que estamos vivendo. As oportunidades que nos são dadas em nossas vidas são únicas e merecem ser vividas com intensidade e devoção. Estamos aqui reunidos para uma viagem de ida, sem bilhete de volta. O que temos pela frente, na alegria e na tristeza, deve ser encarado como ensinamento e chance única de dividir o amor que a nós foi dado e do qual somos portadores...
Estique as mãos para seu próximo. Quando você estiver precisando não lhe faltarão a amizade, o carinho e a compreensão. Chore quando a dor for tão grande e as lágrimas não puderem mais ser contidas. Expresse seu sentimento sem que se sinta embaraçado ou desconfortável pelo que os outros podem pensar. Eles também viverão agruras que os levarão às lágrimas e entenderão melhor seu sofrimento se não o puderam fazer nesse exato momento.
Construa sua fé e sua igreja em sua vida. Reze todos os dias e a cada momento para que sua vida seja sempre iluminada. Peça a proteção de Deus para si e para todas as pessoas desse mundo. Produza o bem e se solidarize com aqueles que sofrem. Atue em benefício dos que padecem pela fome, por doenças, pelo analfabetismo ou pela solidão.
Às vezes precisamos de algum isolamento. Nessas horas queremos apenas conversar com Deus e entender melhor a nós mesmos. Não dispense essas valiosas horas de imersão. Compreenda porém que a maior conexão que criamos com Deus se concretiza no aperto de mão, no abraço, na presença, na conversa, no beijo, na bronca, na discussão acalorada, no erro, na vitória consagradora,...
Paulo Coelho nos brindou com sua sabedoria sublime a partir dessa pensata em que nos mostra a onipresença e onipotência de Deus perante cada um de nós. Realizamos a vida e com ela celebramos os desígnios divinos em nossos mais singelos e solenes atos. É dessa forma que realmente encontramos a elevação espiritual...
O Poder da Gentileza
Eduardo Shinyashiki
Buscamos cada vez mais a interatividade, por meio do avanço tecnológico e do desenvolvimento da civilização. Passamos o dia inteiro conectados a pessoas das mais variadas localidades, somos capazes de estabelecer contato com praticamente todos os cantos do planeta, a hora que quisermos. Porém, as relações interpessoais próximas parecem cada vez mais superficiais, e, seguindo por este caminho, da distância e indiferença, palavras como cortesia, empatia e amabilidade parecem mais além da nossa realidade, dia após dia.
Afinal, será que a vida moderna dificulta relações com gentileza, ou é possível ser uma pessoa ocupada, sem abrir mão da delicadeza no trato com o outro? Como ser gentil enquanto enfrentamos o trânsito caótico das grandes cidades e o dia-a-dia tão cheio de tarefas e obrigações? São tantos os motivos que podemos facilmente nos convencer de que a falta de cuidado com o próximo não é nossa culpa, assim como a forma como somos tratados. Estamos acostumados a ver a agressividade exaltada, considerada um meio indispensável para o sucesso, é elogiado o homem forte, o executivo agressivo, duro e arrogante. Será que essas atitudes conquistam a confiança alheia e o sucesso duradouro?
O que acabamos esquecendo é que, antes de tudo, o ato de ser gentil beneficia, mais do que a qualquer outro, a nós mesmos. Uma teoria publicada pelo professor Sam Bowles, do Instituto Santa Fé (EUA), chamada de “sobrevivência do mais gentil”, afirma que a espécie humana sobreviveu graças à gentileza. Segundo Bowles, os grupos altruístas cooperam e colaboram mais para o bem-estar do próximo e da comunidade, a fim de garantir a sobrevivência. Outro estudo, realizado pela professora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, demonstrou também que a gentileza pode nos deixar mais felizes. Ela pediu a um grupo que praticasse atitudes gentis durante dez semanas, e verificou que a felicidade aumentou consideravelmente no período do estudo.
Gentileza significa uma boa educação emocional, aprendida e desenvolvida em todos os ambientes que convivemos. É o bom tratamento, uma qualidade ou caráter de alguém nobre, generoso, que ajuda a manter e fortalecer os laços entre as pessoas. As pesquisas nos mostram que ser gentil tem uma finalidade pessoal e coletiva, é a prova de que quando tomamos atitudes em prol do outro, automaticamente, e muitas vezes sem perceber, recebemos de volta o bem que fizemos.
A teoria do professor Sam Bowles pode ser demonstrada por brigas no trânsito, por exemplo, em lugares com uma concentração grande de pessoas, onde vidas se perdem pela simples falta de compreensão com as atitudes alheias. Vivemos na defensiva, temendo que os outros possam nos machucar. Mas há diversas formas de se comprovar que atitudes mais solícitas e gentis só tendem a melhorar a qualidade de vida e as relações interpessoais. Sabemos, também, que só temos a ganhar quando privilegiamos a gentileza, ao invés da brutalidade e ignorância.
A grande característica da gentileza é que ela está presente, na maioria das vezes, nas atitudes cotidianas e simples. Ouvir mais, por exemplo, ser paciente, justo e solidário, são atitudes simples, mas importantes para tornar-se uma pessoa mais próxima perante o outro. Estimular a amizade pode ser uma forma de se exercer a generosidade e a gentileza.
O que nunca devemos nos esquecer é que o poder de modificar aquilo que nos cerca está dentro de nós, a parte mais importante do trabalho acontece no interior do nosso ser, purificando nossos corações. Somente nós mesmos transformaremos nossas vidas em existências mais dignas, plenas e verdadeiras.
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos. Colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros: Viva como Você Quer Viver e A Vida é Um Milagre, Editora Gente, disponíveis em AudioLivro pela Editora Nossa Cultura. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br
O mundo em nossas mãos
Coluna Carpe Diem
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer

Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

Música e letra de Gilberto Gil
Cantor, Compositor e Ministro da Cultura do Brasil

Com Toquinho viajamos numa folha de papel. Curtimos as cores do arco-iris. Pintamos e desenhamos com giz de cera ou lápis de cor. Usamos nossas mãos numa grande e deliciosa brincadeira. A “aquarela” nos permitia fazer o mundo do jeito como queríamos que ele fosse. Subvertíamos a ordem tornando as árvores vermelhas, azuis ou negras; Mudávamos o formato das casas onde vivíamos – superando os quadrados e retângulos predominantes para em seus lugares estabelecer círculos ou formas novas e desconexas; Tínhamos o universo em nossas mãos e éramos como verdadeiros imperadores regulando o seu destino em alvas folhas de papel...
Gil, por sua vez, nos colocou diante de uma outra “folha de papel”, não mais branca e nem tampouco de material palpável... O universo está diante de nós, dessa vez, através da internet e das redes que nos são disponibilizadas pela mesma.
Mas como na doce e suave letra de “Aquarela”, há muito espaço livre no mundo virtual para que possamos construir a realidade com a qual sonhamos. Pelas trilhas da rede mundial de computadores, podemos também criar um universo colorido, com os mais variados tons, amplificando nossas vozes para que possamos nos mostrar presentes e atuantes, colaborando para que o debate mundial igualmente conte com a nossa palavra.
Nos tornamos cidadãos da galáxia da internet e adentramos o espaço virtual sem que tenhamos perdido as conexões que nos ligam a terra, ao que nos é próximo e sensível. Pelo menos temos que ter essa consciência, para que não sejamos apenas “avatares”, “andróides”, “robôs” ou “replicantes” – que não conseguem viver sem os estímulos elétricos que movem as plataformas virtuais...
Podemos circular pelos quatro cantos do mundo a qualquer momento. E para onde estamos indo quando viajamos pelos confins da Web? Nova Iorque e Londres? Calcutá e Pequim? São Paulo e Buenos Aires? Ou selecionamos de uma forma ainda mais criteriosa para que possamos ir a espaços muito específicos como o Museu do Louvre, o Monte Fuji, o teatro de Sidney ou o Sítio do Pica-Pau Amarelo?
Estamos lendo Shakespeare e Machado de Assis pela rede? Apreciamos as obras de Monet e Van Gogh no mundo virtual? Escutamos as músicas de Vivaldi e Wagner? Assistimos os filmes de Kurosawa ou Glauber? Conversamos com amigos japoneses ou alemães através das ferramentas que nos foram proporcionadas pelo avanço tecnológico? Participamos de atividades pela internet que nos permitam ajudar aos mais necessitados?
O que estamos fazendo através da rede mundial de computadores para que o mundo seja mais justo, digno e ético? Se gastamos mais tempo em sites de relacionamento ou em jogos virtuais, será que colaboramos realmente para que as coisas melhorem? Se escrevemos apenas banalidades e enchemos o espaço de blogs, sites e comunicadores instantâneos com informações ou dados que nada acrescentam a ciência, as artes e a cultura em geral – será que estamos conscientes de quanto tempo estamos perdendo na luta contra mazelas como a destruição do meio-ambiente, a fome, a pobreza, o analfabetismo ou as epidemias?
Criar websites, fazer homepages e usar gygabites para fazer jangadas e barcos que velejem através da internet em busca de respostas, propostas, idéias e soluções para os problemas da humanidade ao mesmo tempo em que geram alegria e capacidade de superação de nossas angústias, medos e inseguranças deve ser o nosso foco. No espaço virtual temos o mundo no horizonte e, em nossas mãos, o seu destino...
O Homem Etiqueta
Os Sem-Identidade...
“Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.”
Carlos Drummond de Andrade
(Trecho do poema “Eu Etiqueta”, publicado no livro “O Corpo”, Editora Record)
Li o poema e me vi etiquetado. Dos pés à cabeça. E até nas roupas íntimas, invisíveis aos olhos alheios, também vem grudada uma marca... Não sou mais eu? Deixei de ser quem sou? Assumi outra(s) identidade(s)? E que novas formas de me apresentar perante aos outros passei a utilizar a partir das etiquetas que uso?
Se sou aquilo que visto então sou o jeans da moda ou o genérico vendido na feira ou no saldão do grande magazine? Meu odor é de perfume francês, recomendado por uma bela modelo ou por um famoso atleta? Ou então minha fragrância é somente aquela do desodorante vendido em grande quantidade em qualquer supermercado de bairro? Uso calçados esportivos dos grandes campeões? Ou calço as sandálias que não soltam as tiras, não deformam e não tem cheiro – que até pouco tempo atrás eram populares e hoje são internacionais?
Em meu pulso, a ditar o ritmo de minha vida tenho um original relógio suíço, daqueles que valem um automóvel? O que estou bebendo é anunciado com pompa e cerimônia na TV como a bebida da juventude ou do sucesso? Ando de ônibus ou já me dou ao luxo de ter um belo sedan daquela multinacional poderosa?
Quem sou eu? Homem livre ou escravo da moda e das tendências? Para onde vou e como penso dependem de influências externas, de itens de mercado, de posses e bens? Sou filho de minha mãe e de meu pai ou um rebento do mercado, da publicidade, do consumismo que não apenas consome meu dinheiro, minha grana, mas principalmente minha alma, meu ser?
Num mundo de marcas alhures é difícil perceber-se e, mais complicado ainda, ver os outros por detrás de tantos logotipos, marcas, propagandas e comerciais. O que se vê não é alguém, com RG e Certidão de Nascimento que definem origens, paternidade e dão indícios de identidade... O que vemos, a olho nu, como nos diz do alto de toda a sua sabedoria e alma de poeta o mestre Carlos Drummond de Andrade, é somente o homem etiqueta...
O homem de lugar nenhum
Nowhere Man [Beatles]
Ele é um verdadeiro Homem de lugar nenhum
Sentado em sua terra em lugar nenhum,
Fazendo todos os seus planos para lugar nenhum,
para ninguém.

Não possui um ponto de vista,
Não sabe para onde está indo,
Ele não é um pouco como você e eu?

Homem de lugar nenhum, por favor, ouça,
Você não sabe o que está perdendo,
Homem de lugar nenhum, o mundo está ao seu comando.

Ele é tão cego quanto pode ser,
Só vê o que quer ver,
Homem de lugar nenhum, você pode me ver?

Homem de lugar nenhum, não se preocupe,
Faça as coisas no seu devido tempo, não se apresse,
Deixe tudo até que alguém
lhe dê uma mão.

Não possui um ponto de vista,
Não sabe para onde está indo,
Ele não é um pouco como você e eu?

Homem de lugar nenhum, por favor, ouça,
Você não sabe o que está perdendo,
Homem de lugar nenhum, o mundo está ao seu comando.

Ele é um verdadeiro Homem de lugar nenhum,
Sentado em sua terra em lugar nenhum,
Fazendo todos os seus planos para lugar nenhum,
para ninguém.
Tradução da música “Nowhere Man”, dos Beatles
Tradutor: João Luís de Almeida Machado
E você, é um homem [ou mulher] de lugar nenhum? Não? Será mesmo? Que garantias você tem quanto a isso? Sua casa? Seu automóvel? Seus discos? Família e amigos? Emprego? E se tudo isso for apenas fruto da sua imaginação? Já pensou que a história de Matrix [ou alguma variação da mesma] pode ser verdadeira e estarmos apenas sendo alimentados por algum sistema que a todo o momento precisa de nossos impulsos elétricos corporais para sobreviver? Sombrio e assustador, não acham?
Frederick Winslow Taylor, o célebre americano que estudou os métodos e processos industriais com o intuito de recriá-los dando-lhes maior velocidade e eficácia, com um melhor aproveitamento do tempo individual de trabalho de cada pessoa que participasse de uma linha de produção [criando as bases do famoso sistema de trabalho conhecido como taylorismo, em sua homenagem] chegou a afirmar, literalmente que, enquanto “no passado os homens vinham em primeiro lugar, no futuro o sistema deverá vir em primeiro lugar”. Será que Taylor já estava antevendo o que aconteceria no século XXI?
Nesse sentido, será que Paul, John, George e Ringo também não estavam prevendo o futuro quando criaram a letra de “Nowhere Man” [O homem de lugar nenhum]? Afinal de contas, se nos tornarmos apenas peças cambiáveis e descartáveis de um sistema em operação estaremos assumindo, definitivamente que somos “homens de lugar nenhum”, não acham? Se apenas reproduzimos o cotidiano, sem refletir a respeito daquilo que acontece ao nosso redor [tão cegos quanto pudermos ser, sem opinião formada a respeito das coisas, como dizem os Beatles na música], não iremos reagir, responder, retrucar, tomar o poder do mundo ou, ao menos de nossas vidas...
O que diferencia você das outras pessoas para que possa realmente assumir-se e dizer-se dono do seu nariz, do seu destino, do seu rumo? Ou será que, no final das contas, era Cypher [Joe Pantoliano, personagem do filme Matrix, que trai seus companheiros e escolhe a Pílula Azul, sujeitando-se ao sistema] quem tinha razão?
Quando começo a juntar as peças e penso na música dos Beatles, em Matrix ou no Taylorismo, não consigo me distanciar das imagens de outro clássico, “Tempos Modernos”, de Chaplin. Tanto na seqüência inicial, em que depois de um enorme relógio [que dita o tempo mecânico orientador de nossas vidas] surgem ovelhas correndo numa mesma direção e, em seguida, esses animais [metafóricas imagens de nós mesmos domesticados] são substituídos pelos homens, a caminho do trabalho, cruzando a rua para chegar a fábrica, onde mecanicamente dão continuidade ao fluxo das máquinas, como vemos na imortal figura de Carlitos...
Que diferença existe entre os “tempos modernos” de Chaplin e o presente [e futuro previsto] em que diariamente abastecemos sistemas eletrônicos como a internet? O sonho de Sergei Brin e Larry Page [os jovens criadores e donos do Google] é que a empresa que lhes pertence desenvolva uma Inteligência Artificial tão desenvolvida que resolva problemas que ainda não foram resolvidos pelos seres humanos... Não será isso a Matrix? Não seremos a partir de então [se já não formos] homens [e mulheres] de lugar nenhum?
Lições de uma vida no mar
Navegando com os Schürmann
"A primeira parada na volta ao mundo foi Porto Belo, a 60 quilômetros de Florianópolis, bem perto de casa. Meu pai entendeu que uma viagem era conhecer o mundo. Outra era trocar uma casa de 380 metros por um barco de 45. Tínhamos de reaprender a conviver."

"Antes de chegar a qualquer lugar, a gente estudava a cultura local. Até hoje, esse é um dos meus principais valores. Nos negócios, não necessariamente os dois lados têm a mesma visão".

"Você está no mar, são 3 da manhã e está chovendo. Se é o seu turno, você tem de estar pronto para assumir. Alguém está lá fora há quatro horas. Essa disciplina de seguir o combinado é importantíssima para mim."
As frases acima foram proferidas por Pierre Schürmann, membro da famosa família catarinense de velejadores que deu a volta ao mundo há algum tempo e que hoje é presidente de uma companhia chamada ExperienceMedia, em entrevista para a revista Época Negócios (edição de Fevereiro de 2008). Destaco esses pensamentos com o objetivo de chamar a atenção para algumas lições e valores adquiridos pelos Schürmann em sua célebre viagem, a saber:
·         Primeiramente a necessidade de "reaprender a conviver" recorrente em nossas vidas sempre que passamos a viver, atuar, dividir espaços e nos relacionar com outras pessoas, povos, lugares, culturas, contextos, histórias de vida,... Não podemos nos anular, esquecer quem somos, abandonar nossas próprias experiências e raízes, mas devemos demonstrar respeito e vontade de aprender o que os outros podem nos ensinar nesses novos espaços que passamos a ocupar...
·         Nesse sentido a segunda afirmação é de vital importância, ou seja, sempre que se reposicionar em sua vida (em qualquer instância da mesma, seja ela profissional, pessoal, emocional,...) tenha o cuidado de conhecer de antemão os novos rumos e destinos que está tomando em sua vida. Estude, pesquise, conheça e, dessa forma, entre bem orientado em sua nova etapa de vida, sempre sabendo que apesar de toda a informação que tiver em mãos, surpresas e acontecimentos inesperados podem e irão acontecer...
·         Para finalizar, seja disciplinado, aprenda com a milenar sabedoria dos mares (e dos orientais) que nos mostra que temos que ter foco, objetivo e que, para chegar nisso, devemos ser persistentes, perenes, guerreiros em busca de nossas metas... Para isso, estipule com clareza quais são os seus projetos de vida, lute por eles, não desista dos mesmos, acredite sempre e, acima de tudo, saiba que é possível se você for muito disciplinado nessa caminhada.

Lutar para encontrar a própria voz
Coluna Carpe Diem
Sr. Keating - Porque estou de pé aqui? Para me sentir mais alto que vocês? Eu estou em pé sobre a minha mesa para me lembrar que nós devemos constantemente nos forçar a olhar as coisas de forma diferente. O mundo me parece diferente daqui de cima. Se vocês não acreditam nisso, fiquem em pé aqui e experimentem. Todos vocês. Um de cada vez. Tentem nunca pensar sobre alguma coisa da mesma forma por duas vezes. Se você não tem certeza de alguma coisa, faça força para pensar sobre isso de um outro modo, mesmo que ache que está errado ou que é uma tolice. Quando você lê, não considere apenas o que o autor pensa, mas dê um tempo para considerar o que você pensa. Você tem que lutar para encontrar sua própria voz, meninos, e quanto mais você esperar para começar, menos chances você terá de encontrar o que procura. Thoreau disse, “a maioria dos homens vive a vida em um silencioso desespero.” E eu pergunto, porque nos resignamos e aceitamos isso? Arrisquem-se a andar em solo novo. Agora. Uma chama em seus corações poderia mudar o mundo, jovens. Nutram isso. (Trecho do roteiro original do filme Sociedade dos Poetas Mortos, do diretor Peter Weir e do roteirista Tom Schullman, premiado com o Oscar em 1989).
Carpe diem! O primeiro material desse novo espaço de reflexão aberto pelo portal Planeta Educação teria que trazer necessariamente uma referência direta ao título dado a essa nova coluna. Através da descrição de cenas de filmes, trechos de roteiros, letras de música, poesias completas ou parciais, partes de romances ou contos, peças teatrais ou outras produções culturais tentaremos incitar uma reflexão que motive os nossos visitantes a pensar a vida de uma outra forma, buscando mais alegria, simplicidade e realização.
O exemplo inicial, dado pelo célebre personagem vivido por Robin Williams, o professor de literatura inglesa, John Keating, dado a seus alunos numa clássica seqüência daquele grande sucesso do cinema demonstra que temos que rever nossos pontos de vista em muitas situações de nossa vida.
Na prática, tenta nos motivar a mudar o foco, alterar posicionamentos, repensar situações e contextos, buscar alternativas e não ficar simplesmente batendo sempre na mesma tecla, usando as mesmas fórmulas desgastadas e repetindo erros.
Ao subir numa mesa e modificar a forma como direcionava suas palavras aos alunos, Keating procurou motivá-los a ver sua própria sala de aula a partir de um outro prisma, percebendo elementos que eles ainda não haviam visto, sentindo diferentes nuances e se permitindo, a partir dessa atitude, a alçar vôos que nunca antes haviam sido realizados... Afinal de contas, é preciso superar nosso “silencioso desespero” e descobrir “nossas próprias vozes” para que o mundo não seja apenas diferente, mas principalmente melhor. exemplo inicial, dado pelo célebre personagem vivido por Robin Williams, o professor de literatura inglesa, John Keating, dado a seus alunos numa clássica seqüência daquele grande sucesso do cinema demonstra que temos que rever nossos pontos de vista em muitas situações de nossa vida.
Na prática, tenta nos motivar a mudar o foco, alterar posicionamentos, repensar situações e contextos, buscar alternativas e não ficar simplesmente batendo sempre na mesma tecla, usando as mesmas fórmulas desgastadas e repetindo erros.
Ao subir numa mesa e modificar a forma como direcionava suas palavras aos alunos, Keating procurou motivá-los a ver sua própria sala de aula a partir de um outro prisma, percebendo elementos que eles ainda não haviam visto, sentindo diferentes nuances e se permitindo, a partir dessa atitude, a alçar vôos que nunca antes haviam sido realizados... Afinal de contas, é preciso superar nosso “silencioso desespero” e descobrir “nossas próprias vozes” para que o mundo não seja apenas diferente, mas principalmente melhor...
Mestres na Arte de Viver
A felicidade está logo ali
“Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a religião. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.” (Pensamento Zen, apresentado por Domenico de Masi, Sociólogo Italiano, no livro “O Ócio Criativo”)
Como seria bom se todos conseguissem ignorar as linhas divisórias que estabelecem as fronteiras entre trabalho e tempo livre. Imaginem o ganho de felicidade. Haveria também, é claro, ganho de produtividade. Mas, acima de tudo, o maior lucro seria a satisfação pessoal, a alegria de viver estaria em alta, se não em todo o tempo, na maior parte dele...
Sonho com a escola que um dia será capaz de efetivar uma relação de trabalho tão prazerosa com seus alunos, que educação e recreação se tornarão uma coisa apenas. Aprender de forma lúdica, instigante, interessante... Que professor não deseja atingir esta alquimia, criar a fórmula que transforma qualquer reles pedregulho numa pepita de outro ou mesmo água, ainda que pura e cristalina, no mais saboroso dos vinhos, o néctar dos deuses... Que alunos desejem estar nesta escola que os desafiam enquanto lhes permitem aprender, que os fazem jogar ao mesmo tempo em que ampliam seus saberes...
E quem criou as fronteiras entre o fazer produtivo e o tempo livre, aquele que as pessoas dedicam ao seu desfrute?
Foi Deus, podem dizer alguns, ainda crentes na ideia de que não depende de nós o amanhã e sim de forças maiores, desprezando nosso livre-arbítrio. Foram os capitalistas, pensam tantos outros, atribuindo a sua sanha por lucro a criação de um modelo social, no qual o que importa é ser produtivo. A responsabilidade é dos governos, alegam vários, que tudo atribuem às forças políticas que comandam, segundo pensam, todas as forças do universo, ao menos aquelas da esfera terrena...
Se há responsáveis ou culpados por termos sido expulsos do Éden, sem dúvida alguma, somos nós mesmos. Cada indivíduo é o verdadeiro e único carcereiro que tem a chave que tranca a si mesmo atrás das grades aparentemente inexpugnáveis de sua própria prisão. Sendo assim, abrir ou manter fechado o caminho para uma existência marcada pela felicidade ou pela tristeza compete exclusivamente a quem, a não ser a nós mesmos?
A distinção entre trabalho e tempo livre está, portanto, em nossa própria mente e se propaga ou permanece entre nós em virtude da incapacidade que temos de buscar caminhos alternativos, que nos permitam cruzar as rotas e tornar o dia de amanhã muito mais são, doce, alegre, saboroso...
Domenico de Masi, ao resgatar através deste belo pensamento Zen a necessidade de superarmos as barreiras que travam nossa busca pela felicidade, nos permite reviver e crer novamente nas sábias palavras do eterno Beatle John Lennon, quando afirmou que “o sonho não acabou”...
E qual é o melhor dos sonhos senão aqueles nos permitem trabalhar como se estivéssemos brincando, estudar como se fôssemos nos divertir, produzir ao mesmo tempo em que aprendemos, rezar enquanto vivenciamos de forma terna e serena o mais sublime amor... Só precisamos então, encontrar a chave para sair do cárcere, abandonar o calabouço, encontrar a luz e fazer da alegoria da caverna de Platão, mais do que metáfora, realidade...
Avaliação deste Artigo:

Não me entrego sem lutar
Uma composição de Renato Russo
Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói.
Estes são dias desleais.
(...)
Reconheço o meu pesar,
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
(...)
É a verdade o que me assombra,
O descaso o que condena,
A estupidez o que destrói.
Não me entrego sem lutar
- Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.
(...)
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas para contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer.
Não olhe para trás
- Apenas começamos.
O mundo começa agora
- Apenas começamos.
Renato Russo
(Cantor e Compositor Brasileiro)

O cavaleiro a empunhar sua espada se vê frente a frente com um enorme dragão. Seu reino foi devastado por um poderoso inimigo. Suas terras ardem em chamas. Os campos estão condenados. A população lutou bravamente mas sucumbiu. No horizonte não há nuvens brancas, o céu está cinza, trovões e raios anunciam uma tempestade. É hora de bater em retirada? O que deve fazer esse bravo guerreiro, ainda de pé, apesar dos inúmeros golpes que o atingiram? O que você faria se estivesse no lugar dele?
Muitos (a maioria) iria depor as armas. Entregar-se seria a solução. Abrir mão das terras, do castelo, do futuro de seu povo em troca da preservação da vida não seria considerado indigno. Ainda mais depois de tantas batalhas vencidas e perdidas, em que o nosso herói sempre demonstrou sua valentia, seu destemor, seu apego a terra e ao povo...
Ou seria melhor lutar até morrer? Racionalmente falando essa seria, sem dúvida, a pior das opções. Poderiam pensar os mais afeitos ao pensamento lógico que a perda da vida desse guerreiro implicaria na impossibilidade de novas batalhas numa perspectiva futura. O amanhã, de acordo com esses racionais pensadores, poderia ver uma reversão do cenário tenebroso em que esse cavaleiro se encontra nesse exato momento...
Mas quem garante que esse valoroso lutador teria o seu pescoço preservado por seus inimigos? Afinal de contas, preservar tão valentes combatentes poderia significar, mais para a frente no tempo, a possibilidade de novos confrontos, com revézes e infortunios para os vencedores de hoje, não acham... Pensando assim, o melhor seria lutar até a última chama que alimenta a vida estar acesa...
E se os vencedores forem piedosos e magnânimos? E se, nesse caso, sua vida fosse preservada e, na pior das hipóteses nosso corajoso soldado fosse aprisionado ou escravizado? Sua vida seria mantida, não seria?
Digo apenas que preferiria lutar até a última gota de sangue de meu corpo se esgotar... Não aprendi a me render, como nos diz Renato Russo em sua composição... Prefiro acreditar que, na pior das hipóteses, minha saga seria preservada através dos cânticos e folguedos populares, sendo passada de pai para filho ao longo dos tempos para que me eternizasse numa Ilíada ou numa Odisséia...
Luto pela minha terra. Pelejo por justiça. Quero paz e civilidade, mas vejo muitos erros. A corrupção que atinge nossa sociedade e a torna cada vez mais vil. A insensibilidade das autoridades. A destruição do meio-ambiente. O analfabetismo e a exclusão social. As epidemias e o descaso na saúde... Temos muitas frentes de batalha pelas quais lutar e não podemos nos omitir. Temos que manifestar nossa insatisfação e abandonar a letargia... Sejamos pois os guerreiros valorosos que querem contar histórias felizes, com coisas bonitas para relatar... O sonho não pode acabar...
Afinal, é a verdade o que me assombra, o descaso o que condena e a estupidez o que destrói, não é...
Jamais aceitaria o cárcere, muito menos a escravidão. Se nos submetemos perdemos a dignidade, a honra... Abdicar da liberdade em qualquer circunstância é inaceitável... Se a batalha é justa, se os valores defendidos são éticos e se atrás de si há uma legião de pessoas que dependem de suas forças, não fuja a responsabilidade, entregue-se de peito aberto a luta... Ecoe suas crenças e seus valores pela eternidade, lute até o fim, não se entregue jamais!
Não quero o poder
O Último Discurso
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... Negros... Brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria; Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
Charles Chaplin
(Trecho do discurso final do filme “O Grande Ditador”)
Pode parecer hipocrisia da minha parte, mas faço minhas as palavras de Charles Chaplin em seu célebre “Último Discurso”, pronunciado no clássico filme “O Grande Ditador”, ou sejam... “...não pretendo ser um imperador”. Penso que o mundo já tem imperadores demais. Há reis em demasia. O poder que corrompe está por todos os lados e tentamos nos mostrar alheios a toda a corrupção que polui tantos ambientes pelos quais transitamos...
Como Adão e Eva, envolvidos pelas doces e sedutoras palavras da serpente que lhes prometia a chave do paraíso ao lhes dar a maçã, o fruto proibido, temos sidos tentados a vender nossas almas ao diabo. E nem ao menos percebemos que nossas maçãs nos são dadas sob diferentes formas. Disfarçadas por rótulos e embalagens vistosas e belas que escondem, em seus receituários e ingredientes, inúmeros produtos tóxicos que envenenam as nossas existências e nos fazem cada vez mais perniciosos, maledicentes, céticos,...
Não quero o poder. Não almejo o comando das ações. Quero a compreensão. Preciso do diálogo. Luto pelo entendimento. Busco valorizar a todos e ajudar a formar equipes por onde passo. Não acredito que as estrelas possam brilhar se ao seu redor não existir o negro manto da noite que as realça e, por isso mesmo, penso que todos precisamos de todos.
Não há vitórias se alguém se julga mais importante ou melhor do que os demais elementos que compõem o cenário. O que seria de Jesus Cristo na célebre “Última Ceia”, retratada magistralmente por Leonardo da Vinci, se os apóstolos e Maria Madalena por ali não estivessem com ele para a divisão dos pães e das atribuições e responsabilidades que resultaram na constituição de um dos maiores movimentos de idéias de todos os tempos?
Há, no entanto, derrotas certas no horizonte quanto o astro do time fica esperando a bola no pé a todo o momento e comemora os gols de seu time utilizando-se daquele momento de celebração coletiva para fazer publicidade de algum produto e ganhar mais alguns “cobres” para engordar sua conta bancária... Quem, entre os anônimos coadjuvantes dessa celebrada virtuose esportiva vai se dispor a lhe passar a bola?
Vivemos num mundo que é cada vez mais egocêntrico e egoísta nas pessoas que o habitam. Se não bastassem a vaidade, o orgulho e a competição exacerbada que nos compelem a atitudes tão extremas quanto sacrificar um “amigo” para conseguir uma promoção em nossos empregos, vemos ainda a tecnologia que também nos mobiliza ao isolamento, ao afastamento e ao surgimento dos eremitas virtuais...
E como Chaplin era sensível. Seus filmes demonstravam, já nas décadas de 1930 e 1940, como no caso dessa obra inesquecível que é “O Grande Ditador” ou ainda no não menos memorável “Tempos Modernos”, que as máquinas e equipamentos que surgiam e nos davam perspectivas de melhores dias no amanhã estavam, na realidade, nos tornando menos e menos humanos...
Temos que suplantar os nossos infortúnios resgatando a humanidade perdida. Somente com doçura e afeição, como nos diz Carlitos, poderemos realmente retomar a trilha da felicidade. Ainda há esperanças, afinal, como atesta o próprio “Último Discurso”, “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo”...

 Dramáticos para Empresas e Modelo de Ajuda, Autor do livro Atitude Samurai para a Vida. Site: http://www.muryokan.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&Itemid=32